quarta-feira, junho 07, 2006

consegues?

consegues ouvir-me enquanto falas?
consegues ver-me quando me olhas?
consegues acreditar porque eu acredito?
consegues pensar em mim, sem esperar nada em troca?
consegues sentir o que sinto?
consegues ver-me dormir sem me acordar?
consegues ver um filme sem pensar em mim?
consegues desfrutar de um prazer sem o partilhares comigo?
consegues fazer-me algo sem que esperar retorno?
consegues estar comigo sem estar com todos os outros?
conseguirei deixar de ser ingénuo?

na verdade da mentira apenas entendo
que o meu coração está certo
na mentira da verdade apenas compreendo
que o meu coração está um deserto

na frágil leveza da simplicidade
conquistaste o meu forte
invadiste-o e destruíste a cidade
... que tristeza de sorte

um vórtice apanha tudo o que pode
deixa apenas um vasto nada e mal
escapo quase ileso enquanto tudo explode
e nem me mexo, esperando que me seja fatal

olho, vejo, paro, caio, desisto,
existo, levanto-me, corro, cego,
experiencio, constato, sinto, vivo,
morro, ressuscito e berro

não estou aqui
não estou em mim
sou um pedaço de nada
sou um pedaço de uma lembrança
alguém me esqueceu
não se lembra, que um dia... foi “eu”

mudo e consolo-me dizendo que foi para melhor
consciente de que é um mecanismo de defesa do ego
quero acreditar que nesta mudança com muito ardor
nasci, cresci e ainda não morri ...

perdidos já se encontraram (por) aqui
Free Hit Counter