sexta-feira, novembro 17, 2006

apenas...

...um poema

disfruto do tempo desalmado
apreendo como que me sentido
um poema eternamente inacabado
doce, terno e adormecido

perenemente incapaz de criar
uma nova forma ou sabor
e ao sabor da luz do luar
me deito, em seu redor

e enquanto cubro a luz da luz
tapo-me de forma desconcertante
sinto-me como que nu numa cruz
que foi pregada por um errante

desatino sem suar uma lágrima
e no teu olhar vejo
uma gota que me lembra frescura
que estou vivo na tua doçura

procuro-te sem te ver
descubro-te sem te perder
encontro-te sob um véu
e quando te olho, estás no céu

como uma fada que se move no ar
não me deixas ver-te ao luar
desapareces não sei onde
será que foges, ou te escondes?

és um pequeno enigma
não entendo, mas acredito
que quero acreditar
pois se acreditar, espevito

e espevitado acredito em ti
que existes, és apenas assim
não te toco mas sinto-te aqui
onde estás? vives em mim

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