quarta-feira, junho 07, 2006

oiço

oiço uma voz monocórdica
igual todos os dias
como uma gravação insólita
de uma doce sensaboria

sinto que nada sente
que o seu perfume se foi
a sua aura ausente
relembra o que lhe dói

que maneira de sentir
que não tem forma ou espectro?
é como a maneira de sorrir
que sorri pelo incerto

e a sorrir se despede
mesmo que imperceptivelmente
e regressa mais adiante
com o seu sorriso, amavelmente

depende

dependo do quê?
do trabalho? decerto.
da vida? porquê!?
de ti? incerto

dependerá de se sinto?
dependerá do que sinta?
dependerá do que não sinto?
dependerá da minha sina?

e se o destino está traçado,
para que me preocupar?
é a irracionalidade de um legado
que procura onde chegar

não sei como terminar
o que escrever nestas linhas
desapareço a declamar
e a exprimir-me nas entrelinhas

perdidos já se encontraram (por) aqui
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