sábado, maio 20, 2006

(ab)sinto


sento-me atarantado
sinto-me atrapalhado,
peço uma cerveja
alguém me beija
tiro uma folha de papel
escrevo sobre algo que não sinto
a cerveja sabe a fel
peço um copo de absinto
falo comigo e a mente foge para sul
divaga, dispersa e desaparece
por entre adornos de azul
como mais uma viagem que se comece
talvez por um crime que se comete
ou por um não ter cometido
sentido fome, medo e frio
com o calor do absinto frio
servido num copo mal lavado
que é bebido de um trago
e solta toda uma panóplia de cores
BRANCO
é tudo o que vejo,
e com uns laivos de senilidade
vejo uma bela fealdade,
no entanto começo a enxergar
vejo o verde, o magenta, o anil,
vejo cores, mil,
vejo, revejo, almejo,
crio figuras disformes
pinto-as a meu bel-prazer
e nos contornos deixo
uma corzinha do meu ser

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