...um poema
disfruto do tempo desalmado
apreendo como que me sentido
um poema eternamente inacabado
doce, terno e adormecido
perenemente incapaz de criar
uma nova forma ou sabor
e ao sabor da luz do luar
me deito, em seu redor
e enquanto cubro a luz da luz
tapo-me de forma desconcertante
sinto-me como que nu numa cruz
que foi pregada por um errante
desatino sem suar uma lágrima
e no teu olhar vejo
uma gota que me lembra frescura
que estou vivo na tua doçura
procuro-te sem te ver
descubro-te sem te perder
encontro-te sob um véu
e quando te olho, estás no céu
como uma fada que se move no ar
não me deixas ver-te ao luar
desapareces não sei onde
será que foges, ou te escondes?
és um pequeno enigma
não entendo, mas acredito
que quero acreditar
pois se acreditar, espevito
e espevitado acredito em ti
que existes, és apenas assim
não te toco mas sinto-te aqui
onde estás? vives em mim