segunda-feira, abril 30, 2007

conquista

cedo, para conquistar,
não terrenos ou pessoas fisicamente,
mas sim sonhos,
e pessoas pela sua maneira de pensar,
ser e também de estar.
conto conseguir cativar as pessoas
com os sonhos que tenho com elas
nos quais me englobo e cresço
e também me sonho.
conquisto esses sonhos
e as pessoas conquistam-me
pelo que dão e não pretendem receber
e pelo que recebem e não esperam dar

acordar

vejo as sombras no meu quarto
enquanto me sento na cama.
doem-me as costas e é de dia.
o sol lá fora brilha, mas não me levanto
- gosto de ver as sombras cá dentro -
enquanto penso no que fazer mais logo.
fecho os olhos - sinto sono - e sorrio
espreguiço-me e bocejo numa latência imberbe
mas que não se perde com o passar do tempo.
cogito
e preparo-me para me levantar
com um ar infeliz e rezingão
como a quem tiraram da cama
sem qualquer - aparente - razão.
acordo

domingo, abril 29, 2007

a procura

descanso
num reduto que não é o meu.
sonho
um sonho que se perdeu.
não o recordo
talvez porque tivesse viajado
para um reduto que não me é (pre)destinado.
mas viajei, arrisquei,
quis saber os quês e os porquês
e mesmo não descobrindo
descobri-me de uma outra forma
uma forma que desconhecia, mas não nova.
descubro um outro sorrir,
um outro silêncio, um outro pensar,
um sonho que não recordo.
irei procurar um outro
que recorde amanhã pois amanhã,
o amanhã é hoje

sábado, abril 28, 2007

procura

é fácil falar do que se sente,
e do que não se sente?
e fazer os outros sentir,
como se consegue?
alguém disse que o poeta mente.
mente na dor, ou na hesitação?
no sorriso, ou na convicção?
no escárnio, ou no amor?
na luxúria, ou no pudor?
será que mente deveras
ou apenas transmite de uma forma sua
muito sua talvez, de formas muito veras
e se imita a sua inocência nua
procurando novas Primaveras
a noite cai sobre a cidade,
a bruma cobre os recônditos recantos,
e os pensamentos perdidos nos cantos
são abraçados pela sua cumplicidade.
os sentidos ficam mais despertos,
mais sensíveis para o que os toca,
e mesmo que perdidos em desertos
encontram uma luz, como uma aurora.
e mesmo que perdidos, sem luz nem cor
o caminho - iluminado por lampiões -
descreve um sinuoso contorno a direito
onde se encontram algumas bifurcações.
e apraz-me pensar que nessas separações
me sinto mais uno, mais eu
pois o poder de escolha que me assiste
permite-me parar e perscrutar o breu.
não fico tonto, não vacilo nem me perco
apenas me atrevo a parar e meditar
pois qualquer caminho se começa
com o primeiro passo, a caminhar

quinta-feira, abril 26, 2007

qual questão?

se o fizeres por ti
e não pelo outro,
a questão não se põe.
não tens medo,
tens prazer.
o que poderias dar a tantos outros,
dás a um só(l)
que te ilumina com um simples sorriso,
que te inflama com o seu suspiro
que faz o mundo desabar ao seu passar
que altera a gravidade com o seu ressoar.
e assim é
gostar

o eu que seu tem

conjugo sons
ao início estranhos
depois coerentes
e só depois familiares
... ou será o contrário?
saem frases que não idealizo
de palavras que não pensei
e de letras que conhecia.
parece que num oceano
um pouco da sua espuma
se juntou numa tela
formando o desenho
que o meu id descreveu
como sendo seu

aqui... agora

aqui estou
sentado a meditar
no porquê
de tantos porquês.
daqui vejo
o branco da parede
que delimita o quarto
a que chamo meu.
aqui respiro
o ar inebriante deste local
que me foge do coração
num desatino mental.
daqui oiço
os berros que me matam
ao pensar que ao acordar
ainda cá estarão

ubiquidade

o solo que pisas, sou eu
o som que gritas, sou eu
o saber que ensinas, sou eu
o sabor que provas, sou eu
o seixo que rolas, sou eu
o sacrifício que fazes, sou eu
o sentir que tens, sou eu
o sorriso que dás, sou eu
o sonho que tens, sou eu
o ser que amas, sou eu
o ser que és, sou eu
estás em toda a parte
e em parte alguma
fluis em todos e em mim
e no fim
tenho saudades de mais alguns minutos
contigo
a sós

quarta-feira, abril 25, 2007

eu... mais à frente

vou contar-te
o que nunca contei a ninguém
não correndo o risco de pasmar-te
pois acontece a qualquer alguém
sou assim, enigmático e persuasivo,
gosto de comer gelado e dos meus amigos,
de passear no passeio e na praia,
e correr pelos campos de trigo.
e como uma criança
gosto de música de encantar
de brincar com as pessoas
e de correr e gritar.
gosto de chorar e sorrir
gosto de me sentir humano.
gosto do sol a luzir,
da lua a esconder-se com o nascer do sol,
da sombra dum castelo,
das ideias presas no anzol

eu... agora

propuseram-me um desafio
falar de mim sem usar o lençol
que me esconde no vazio,
e como um safio mordi o anzol.
não sei o que dizer
pois não há nada para falar
sem descobrir em mim
o que há muito ando a guardar.
não sei se conte o que baste
ou o que diga seja suficiente
o que sei é que o desgaste
me deixa deprimente.
começo por não começar
para não ousar acabar
e assim termino
nunca passando pelo início

domingo, abril 22, 2007

compreender o silêncio

poderá ser-se sincero no silêncio?
poderá o silêncio ser sincero?
sinceramente não sei porque o questiono,
mas recordo o seu som.
é volátil, solene, taciturno.
recordo esta questão efémera
quando o ambiente se torna nocturno.
efemeramente se repete a questão
perante quaisquer situações adversas.
gostava de conter-me na frustração
de fazer perguntas
às quais não sei nem tão pouco
consigo responder
como se o silêncio fosse o móbil
do que não sei saber

cores

o azul do céu desaparece
lentamente sob o alaranjado
do pôr-do-sol sobre o mar deitado.
e em rápida transposição
dá lugar a um negro
enquanto o sol se desvanece
e a lua tímida aparece.
e o mar em alegre rebuliço
com as ondas a velejar ao sabor do vento
emite os reflexos do céu,
púrpura, negro, laranja, azul,
com uma disformidade encantadora
captada pela objectiva atenta
de uma íris sedenta
de cores para pintar a vida

o... como?

perco tempo a escrever
e ganho tempo de vida,
e ao parecer um contra-senso
é-o de facto.
não pretendo ser coerente
- pois na minha incoerência
talvez encontre a coerência de outrem -
tampouco harmonizador de ideias
- basta-me saber que alguém
se dignou a pensar no que escrevo -
e embora não dê direito a tese de mestrado
- cátedra ou doutoramento -
o céu chega para todos
em determinado momento.
o que tem isto a ver.
nada.
assumi não querer ser coerente
e como tal, assim acaba...
sem ponto final...
nem rima...
nem nada

ébrio

sentado debaixo do sobreiro
- o mesmo que se perdeu na planície -
contemplo o crescer de um outeiro
enquanto deixo chegar a calvície.
vejo e revejo-me vezes sem conta.
quero descobrir o porquê de me encontrar
tão longe e tão perto de onde quero chegar
sem nada que me atraia
de modo a que fique, ou que saia.
e assim continuo, parado, sentado, quieto.
deito-me um pouco
como um velho sonhador louco
- que ao contrário de mim
descobriu a loucura de forma sã:
correu o risco, viveu e foi feliz
mesmo que por um singelo instante -
e sonho com o caminho tapado pelo outeiro
envolto pelo misticismo do nevoeiro

sábado, abril 21, 2007

uma memória

pinto o céu de um azul
que não é aquele que o mar espelha.
projecto a minha memória
desse outrora azul
que passou pela história
sempre diferente e sempre azul.
ao tingir a água de anil
o azul do céu não muda
- nem a minha memória dele.
penso nas consequências
das músicas que ouvi
dos livros que li
e das histórias que contei.
gosto do som das gaivotas a mergulhar
e dos peixes a entrar na água que corei,
depois de saltarem e tocarem o céu.
gosto de ficar aqui sentado
com os ramos por companhia
e a máquina fotográfica como confidente,
afinal está tudo igual
e tudo diferente.

sexta-feira, abril 20, 2007

bom dia

não que sonhe acordado
não que acrediteno sonho
não que por acordar tenha sonhado
não que por sonhar acredite
apenas vivi e acreditei
que enquanto sonhar
comando o meu destino
destinado a grandes feitos
ou somente pequeninos
mas sempre meus

quinta-feira, abril 19, 2007

panóplia

ainda não partiste
e já sinto a tua falta.
percebes? sentiste?
penso que sim.
estou triste,
mas não importa.
estou feliz,
mas não interessa.
estou triste não por teres ido
apenas por teres fugido.
não que mo tenhas dito
apenas o sinto.
sinto-me feliz
pois tiveste a coragem
não para arriscar ou querer
mas para ir, apenas,
atrás de um sonho.
procuro um sonho.
corro atrás dele, como tu.
o sonho não é meu
talvez seja o teu

camuflado

os olhos perdem-se no infinito
que no entretanto fito.
uma vaca muge,
mas poderia ser um gato, um cão,
ou um outro qualquer animal
a emitir um qualquer som.
o tempo passa como aquele comboio
e deixa o cheiro a carvão queimado
e o ar mais negro, escondendo as nuvens
como que as tingindo e camuflando.
não discorro o que está para lá,
não das nuvens, do fumo, do céu.
apenas não discorro.
não penso se vivo ou morro,
até porque não me procuro a mim.
procurar-te, foi ao que vim
e como não te encontro, volto...
a procurar-te,
por aqui
e por ali

quarta-feira, abril 18, 2007

melhor amigo

acordo.
abro os olhos.
olho o que me rodeia.
uma pequena criança olha-me
enquanto a fito espantado.
dou por mim acarinhado
no seio quente de uma família.
trocamos experiências,
crescemos juntos
- o tempo passa -
e continuamos a crescer.
criamos novos laços,
e esquecemo-nos de atar os nós.
o interesse desvanece-se
mas não é mutuo.
continuo a querer dar
mas não sinto receber.
desejei voltar a ser pequeno
e ver o pequeno que me olhou
agora grande e robusto
com olhar terno e brincalhão.
chegou o verão e perco-me.
encontro-me algures no desconhecido.
demoro, mas não desisto.
mais velho e fatigado. chego.
não me acolhem.
não sou cão, gato, ou outro.
não sou, mas poderia sê-lo.
fui um sonho,
agora tornado pesadelo

terça-feira, abril 17, 2007

ao longe

uma palavra que rima
com uma outra sem som,
que foge na crina
de uma égua que flutua
sob a égide de Fédon
em desencontro com o nua
forma singular dos amorfos
fustigados pelas chamas,
incandescendo da loucura
que jaz na procura
de um certo não saber
coberto de laivos de travessura
como quando uma criança
se ri de uma diabrura

segunda-feira, abril 16, 2007

o caminho

a água corre pelo riacho
e foge por um rego
que corre para o covacho
que alguém fez com apego.
e nesta singela beleza
a água flui cristalina
e mesmo estando presa
corre em direcção à colina.
e ao chegar ao destino
que alguém escolheu
junta-se ao lago cristalino
que reflecte o céu.
talvez não fosse seu desejo
conhecer tal fado
mas quis o ensejo
que ali depositasse o seu legado

conflito de indecisões

enquanto o sol se põe
e a máquina não dispara
a lua vai surgindo
pouco a pouco, intimidada.
gosto dos sonhos
da forma como suam
do sabor a salgado
do que contam
e do que escondem.
não que te ame
como nunca amei ninguém,
apenas nunca amei
até te ter conhecido.
e assim continuo
indeciso

sábado, abril 14, 2007

momento(s)

e se o tempo parasse,
para que me sentisse vivo
o quanto bastasse?
- por um momento, ou dois
ou uma eternidade -
não que seja diferente,
mas que não seja igual.
quero citar poesia
não ter de escrevê-la,
voar e não apenas planar,
descobrir sem ter de criar,
mudar sem ter de fugir,
fugir sem ter de correr,
correr sem ter motivo
e tudo isto
para me sentir vivo
ao ver alguém viver

quarta-feira, abril 11, 2007

solo

sento-me e... durmo,
não sei no que penso mas sei que sinto
algo que não foge e me escapa.
fecho os olhos lentamente
na latência ébria e encoberta
da pausa lesta caminhando ao som
de um rufo de tambor mudo.
sigo em breves passos surdos,
procurando pelo sentir funesto
de um cajado sabedor,
um sicário honesto
com olhos de Senhor Doutor
e um sudário branco
sem resquícios de suor

gaivota

ao contemplar introspectivamente
a beleza de um sonho, de uma ideia,
que nasce da utópica mente
de uma alma que devaneia.
despisto a chama que consome
os átomos do espírito sonhador
que morrendo de fome desperta
para os encantos do sabor.
e correndo riscos notórios
de falhas impessoais
corro com sonhos simplórios
procurando novos ideais.
e assim que falha a inspiração
deito-me e exponho-me à vida
que me traz de recordação
uma gaivota de partida

solo guitar man

solo guitar man
hanging on the edge of the cliff
watching na airplane
falling down on a leaf

solo guitar man
watching time fly by
lighting a cigarette
with a lightning from the sky

solo guitar man
waiting time to stop
solo playing air guitar
while waiting for the flop

solo guitar man
playing on the edge of the seat
with a stick and a can
and a candle to light and heat

segunda-feira, abril 09, 2007

talvez eu!

palavras soltas
sem nada que dizer
sem nada a transpirar
sem nada que fazer.
frases vãs
pouco verídicas e sãs
que se perdem com a frieza
da incongruente senilidade
da transposição impetuosa
da via láctea de bicicleta.
canso-me,
apanho um cometa
- como outrora um príncipe
ousou ousar -
ao encontro dentro de mim
a misteriosa vontade de voar
- talvez bastasse planar -
e tocar o céu que piso
com um arrepio de emoção
por sentir que chego
ao fundo meu coração

figura

fugi, para lá do eufemismo
a perder de vista o infinito
e a esconder-me do ecoar
da vontade de olhar -
não para o local de onde fujo,
mas para o local que procuro
não voltar a fugir -
e disperso-me neste pensar
que me obriga a abrandar
e ficar neste local
entre nada, e coisa nenhuma
com uma mão cheia de ar
e a outra de coisa alguma
em estilo de metáfora
contraposto com uma anáfora
procurando um equilíbrio
entre o que desejo
e o que não tenho,
nem vejo

pincelada de poesia

perscruto a noite
e descubro a beleza do dia
que se desvanece com a lua,
como uma pincelada de poesia.
o sol desmaia,
assim como as cores
- que a lua turva -
de mil e uma flores.
e ao cobrir o sol
com a sua simplicidade
a lua ilumina o Almourol
transmitindo a sua serenidade.
e na dualidade dos contrastes
o sol e a lua encontram o espaço
para não colidirem com astros
que se movem noutro compasso

domingo, abril 08, 2007

inTEMPORAL

acendo a chama
que sua sob a pele
deixando um sabor a fel
nos lençóis da tua cama.
a alma transpira
e acorda o tempo
e o coração suspira
ao passar do tempo.
uns vêem-no convencido
outros, realista
mas de qualquer das formas
não há quem lhe resista,
pois ao seu passar
as muralhas tombam,
os sonhos deixam de respirar
as tempestades acalmam
e alma descansa em paz

fotografia

sento-me num cavalete
e escondo-me - não sei porquê -
enquanto me desenham
com um estilete.
procuro rever-me
em tal escultura
que não é mole, ou dura
mas está a descrever-me.
não sei o que diz
mas sei que me mostra
com os olhos de quem viu
e as mãos de quem esculpiu.
sinto a sincronia
da alma em harmonia
que idealizou tal forma,
como uma fotografia

quinta-feira, abril 05, 2007

prenda

escrevo cartas rasgadas
com palavras por contar
que foram imaginadas
com o sonho de encantar.
toco-as, sinto-as,
escrevo-as.
sonho-as, prendo-as,
descrevo-as.
tapo-as, para não se constiparem,
enlaço-as de presente,
e já embrulhadas,
com as letras desnudadas,
trovo-as como a prenda
de um trovador a uma fada

terça-feira, abril 03, 2007

proscrito

depreendo ao ver as palavras,
que foram construídas com letras.
sinto-as estranhas, obsoletas,
e nas suas entranhas
procuro os diferentes significados
que descreveste com frieza
numa cama de dossel,
essas letras fundidas
nessa folha de papel.
a folha funde-se em mim
como as letras na folha,
o sons fundem-se em letras
e todo eu fico à toa.
perco-me a compreender
o caminho transcrito
e fico sem saber
porque foi proscrito.
e assim me sento
a tentar compreender
o que acabei de ler

ocaso

concentro-me,
confio no diapasão
e fundo-me com a afinação
que traz ao meu ser.
tento conjugar palavras
que saem encalacradas
do silêncio das profundezas
como rochas à espera de ... nada.
e sem mais subtilezas
descolam-se as lapas,
rolam os seixos,
desnudando as rochas
deixando descobrir a cor
que outrora coberta
liberta agora o seu esplendor

divagares

identifico-me com as palavras -
com as que não ouvi,
com as que não escrevi,
com as que não cogitei
com as que não imaginei
identifico-me com os sons
que não toquei,
que não tini,
que não sonhei,
que não esqueci.
identifico-me com os outros,
com os seus gestos,
com sua imagem,
com os afectos
que me trazem de viagem.
gosto assim de estar
a contemplar um local,
uma foto ou o seu som,
a ouvir o ecoar do vento
nas suas tertúlias seculares.
e apoiado sobre o tento
pintalgo os meus divagares

(p)alma

displicente
na manhã perpétua,
acendo um sonho
e atiro-o por baixo da porta.
que sonho será
que não pára de arder!?
não sei, tão pouco compreendo
como pode arder algo incombustível,
insignificante, diminuto, imperceptível.
tento procurar nos vapores
as cores e sabores,
que se perdem no ar rarefeito,
que não se consomem por preconceito,
mas que inebriam a alma
ardendo em alegria
com a chama sob a palma,
como que numa alegoria

domingo, abril 01, 2007

reescrevo

escrevo, escrevo,
escrevo compulsivamente.
não descrevo - deixei
voltei ao anteriormente
que é o nada em que me tornei.
para que foi isto?
não sei.
apenas desisti de resistir
aos factos que não são mais
que meros pardais
a entoar cores
que empalidecem as demais,
como sendo sabores
que polvilham ao de leve
o aroma aveludado
de um abraço aprofundado

respirar

talvez seja um disparate,
ou não!
creio que ao escrever,
o que jamais irei ler,
me perderei em pensamentos
que perecem à medida do tempo
que urge ou não cessa
dependendo do que disponha
dar - ou talvez lutar - por ele!
querendo ou crendo
deixo-me ficar sentado
procurando
- dentro do armário,
sussurrando
- para dentro de um sacrário,
usando o correcto vernáculo,
e utilizando o espiráculo,
para não falhar na pausas
substituídas por pontuação,
paro abruptamente
o que nunca tencionei
acabar...
tampouco começar

oh!

leio música,
oiço um livro.
contemplo os aromas
e sinto-me vivo.
passeio à beira-mar.
pedalo não por pedalar
mas para continuar a sentir
a areia, e a água que corre
e um pensamento discorre:
a liberdade de me sentir livre.
talvez não seja nada,
talvez seja apenas uma sensação,
talvez seja o retorno de uma bala
que se chama coração

perdidos já se encontraram (por) aqui
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