domingo, novembro 25, 2007

agora

deserto por sair
para uma outra terra,
onde o solo seja castanho-escuro
e o céu azul,
onde as pessoas nos cumprimentem na rua
e andem descansadamente.
quero respirar,
inspirar, mais concretamente.
quero sentir o cheiro das coisas boas
que passam pela rua,
de manhã, ou à tarde,
ao anoitecer, e quando a lua já vai alta.
quero, preciso dessas sensações,
para desbloquear os sentidos que se prendem,
e perdem, por detrás de uma redoma incolor,
incapacitante, inexplicavelmente atroz e
contudo, há quem conviva com ela
e viva sem os sabores que sinto,
ao de leve, passarem-me pela garganta.
terão já tido contacto com eles,
ou mesmo acostumado a estes?
como é possível não questionar?
como é possível segregar uma própria ideia?
fácil? pois, talvez,
fazemo-lo todos os dias
mas não consigo fazê-lo,
agora, sem me questionar

terça-feira, novembro 20, 2007

contacto

será pior ter
e não poder tocar,
ou tocar
e não poder ter?
entenda-se tocar
como uma sensação,
uma reacção,
da mente sobre o corpo
e não do corpo sobre a mente,
uma volatilidade ténue
entre corpo e alma,
que impele o corpo
a tornar-se parte da mente
de modo a tocar etereamente
a vida que transborda em flor
efémera em todo o seu fulgor

sábado, novembro 10, 2007

lágrima inconstante

brincando com as palavras
que criei para contextualizar
um tempo que não é só meu
e tampouco o é em si próprio.
não expresso o que sinto
porque o que sinto
não consigo exprimir na palavras
que outrora criaram
e me condicionaram a sentir.
sinto por palavras,
pois o sabor das lágrimas
ninguém o prova para sentir
como uma palavra mal dita
ou descontextualizada
que cria lágrimas salgadas
ou outra palavra
que as torna doces
... e são todas cristalinas.
deixem-me dormir contra a corrente
que brotou de uma lágrima incompreendida.
e é na poesia
disfarçada de luz e cor
que a alegria
disfarça a sua dor,
debotada em heresia...
talvez pagã ou muçulmana,
quiçá cristã.
e contendo-se num lampejo
fugaz e altruísta
percorre a vida num bocejo
para não perder de vista
o sonho que se perdeu.

domingo, novembro 04, 2007

aqui, agora, já!

aqui sentado
parado num tempo
que não compreendo,
mas aceito a tempo
de não perder como certo
o tempo que passou
aqui sentado.
sentei, parei, corri...
procurei e não descobri
o que faço aqui sentado
e por isso sentado continuo
procurando por refugo
que invadem aleatoriamente
pedaços descontínuos da mente

perdidos já se encontraram (por) aqui
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