terça-feira, janeiro 30, 2007

aqui, agora, já

inspirado pela queda da neve
que não vejo,
pelo cantar do realejo
que não oiço,
pelo sabor do fresco
que não saboreio,
mas que sinto a bater-me na face
e que ilumina a rua
como o calor que emana
o fumo das castanhas
no tempo frio e luminoso
que torna Lisboa viva
no Outono frio
e que se volta para o rio
para se aquecer
com a passagem de um navio
com luzes e acenos
e sem nada que nos aproxime
mas com tudo o que nos faz desejar
mais uma vez, cá voltar

Calor

Está frio e as mãos gelam,
sente-se o cheiro das castanhas,
mas não se ouve o pregão.
Está frio, mas aquece-me o coração,
enquanto espero que venhas.

Enquanto o calor não vem, como castanhas :)

...e assim

morri numa teia.
uma teia de sonhos,
sonhos meus.
meus e etéreos.
etéreos e eternos.
eternos ou efémeros?
efémeros e cegos
cegos de te ver.
ver-te onde?
já não te vejo.
vejo apenas a tua volúpia,
volúpia da imaginação fértil.
fértil como um pomar
à espera de brotar
uma montanha de crivos.
e assim morri...
morri... para me sentir vivo

sábado, janeiro 20, 2007

desigual

dispo-me.
para quê?
para quem?
com que fim?
por qual alguém?

dissipo-me
procuro?
fujo?
desejo?
escuso?

delicio-me
num gesto quotidiano
como que no renascimento
de uma Vénus moribunda,
que se banha num rio
que não é quente ou frio
que corre ao contrário
e onde o mar vai desaguar,
sem nunca se molhar

mesmo num sonho

aproveito este era efémera
para repensar o meu ser
que flui por uma gota de hedera
e desaparece, sem querer.
desaparece e consome-se
de forma inverosímil e etérea
vogando num mar do norte
numa folha de papel
nunca triste,
nunca alegre,
nunca perdida,
nunca encontrada,
nunca viva,
nunca morta,
sempre esperando
que se encontre
mesmo que só sonhando
dentro de si
e dentro dos outros

uma gota de...

hoje sentei-me para escrever
contigo na lembrança
com uma réstia de querer
e uma gota de esperança

gostava de a ter sonhado
de a ter realizado
de a ter cogitado
de a ter percebido
de a ter concebido

gostava de escrever um verso que a descrevesse e não mais acabasse de tão grande ser
gostava de não ter de escrever

apenas a gota que não sonhei
a tal gota que não descrevi
a mesma gota que amei
que é a gota que esqueci

tell me why!...

why do you lie?
why? why? why?
tell me and I’ll die
finally, in peace!
I need to fly
and to share eternity
by your lovely side
I lost my childhood
I lost my life
but I’ve lost it for you.
I’ve painted your favorite color
produced your favorite movie
sang your favorite song
wrote your favorite quote
invented your favorite dream
so I could be a little bit of you
and you of me...!

RIP

deep down I rest
waiting for my soul
to die in your chest
and never to feel alone
as the cold that burns
in ice flames
like if the gods fainted
and life should be blamed
for the tears that are born
in your pretty eyes
and die
in your luxurious mouth.
I don’t intend to blame
I just want to burn
in your hot tight flame
that trespasses my heart
all alone in the dark,
cold, jealous night light

blá blá blá

sentado,
nem perdido, nem achado,
apenas espera(n)do
por algo que foge,
sem rumo ou norte,
sem cor ou sabor,
sem saber o que quer
ou sequer se quer,
ou o que mais lhe valha.
perco-me,
talvez já estivesse perdido
ou apenas o sentisse
mas o importante seria
que nunca desistisse
e sem saber como o porquê
surge a pergunta:
o quê?
mas o quê o quê?
talvez nada do que se vê
talvez seja o inverosímil
talvez, talvez, talvez...
blá blá blá
vou dormir por sua vez!

seda

...e antes de dormires
logo após o deitar
deixo-te um beijo
para teres um bom acordar
aconchego-te os lençóis
para da cama não caíres
dou-te um beijo doce
para de manhã não fugires
e enquanto dormes
contemplo tua face
risonhas, rosada e bela
dou-te mais um beijo
para dormires em paz
coberta por alchaz
de sonhos embalada
e a mim abraçada

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