Jingle bells

oh Christmas,
I wish it was Christmas
with a happy new year.
and if it was Christmas
may children play around
with castles in the sky
and a merry-go-round.
we shall not cry,
we should not sit and wait,
we'll touch the sky
and we will bury all fear.
so let there be Christmas
and a happy new year
with shinny toy guns
to kill sadness and tears.
lets make a war
against tyranny and rage
lets kiss all the bullies
and hug those who feel afraid

rolar

advirto os sentidos que me enganam
que não sei o caminho
e que caio por onde correm aquelas pedras.
segue o riacho que me molha,
recatado e molhado, cheio de água,
que se cruza com as pedras, e as molha.
rolo, com as pedras que se desprendem
de uma vez por todas, e assim eu vou,
para onde quer que seja, desde que
cá não fique para contar a estória
de uma história que não quero contar
para não cair na tentação de parar
de rolar como um seixo que se entrega
a uma cantiga de amor de um riacho
que canta só por ser o que melhor
sabe fazer, mesmo não o fazendo.
céu azul, que és reflectido, distorcido,
e ganhas uma nova beleza que não conhecia
mas que sempre vi com os meus olhos,
estes que molhados agora se encontram
com a terra que foge por debaixo da água
que prende os seixos sem temor ou cansaço

despautério

ao final da tarde atrevo-me...
atrevo-me... a sair de casa,
a olhar os espelhos que brotam do chão
enquanto a chuva me cai na mão.
atrevo-me, a sentir o frio da minha alma
aquecida pelo granizo que cai
tocando no fundo da minha alma
como uma ideia que brota e se esvai.
sinto-me uma espécie de algo
com contornos superficiais, borrados;
sinto-me indefinido, um pouco valgo,
sinto que os caminhos predestinados
não são mais que invenções de um ser
que complacente com a vida
não (a) vive, nem quer viver.

liberta

gosto de poesia pincelada,
da prosa rabiscada,
da arte em geral.
gosto da mensagem,
gosto da viagem ancestral
por onde me levam as tuas ideias
que me falam por palavras
(d)escritas e pouco faladas.
despendo tempo a percebê-las,
conjugando simples palavras
de modo a dar-lhes novo sentido.
corrijo o meu entendimento,
procuro novos significados,
novas rotas e saberes imersos,
novos rios imaginados,
e caminhos submersos.
somos as nossas experiências,
somos projectos de nós próprios
à medida que os dias envelhecem.
não nos repetimos e a nossa duração
é limitada ao tempo que nos concedem.
liberta uma palavra que seja
e deixarão de ser precisos livros para as reter.

ideias, ideias, ideias

introspecção involuntária
de um ser atormentado
por pleonasmos divergentes
sem se sentir aliterado.
e uma alteração propositada
a uma frase não pensada
desencadeando em n dimensões
suas proeminentes opiniões.
dispensando a consulta de um simposium,
trata por tu as coisas simples da idade,
com conhecimento profundo de coisa alguma
que desconhece por própria vontade.
e por mais estranho que pareça
a parecença existe ao certo
entre uma ideia avassaladora
que nada descreve
e uma nada prometedora
que a todos circunscreve.
qual será a semelhança?
talvez apenas na questão
ou numa tão modesta opinião:
para imaginar o que algo vale
tem de se lhe dar o devido valor

queres?

dá-me um gesto de prazer
um só sonho de mar e sol
uma lua imperturbável
nas ondas dum lençol.
dá-me algo que toques
com as carícias do teu eu
como os sonhos que perdes
entre o sonho que renasceu.
sinto-me confuso, perdido,
e não te encontro aqui.
estás em mim,
mas será que estou em ti?
não sei que pensar,
mas sei as respostas
quero ser o tal lençol
enrolado nas tuas costas

versinho

baixinho, bem perto do ouvido,
um dia ouvi
um pequeno verso
e não sei se o entendi.
encostei a cabeça a seu ombro
enquanto aprendia a esquecer,
a ouvir um pequeno verso
para não mais o esquecer.
já não oiço versejar
aqueles versos que cansavam
de tanto os conhecer,
de trás para a frente e
da frente para trás,
e, curiosamente, dou por mim
a não os saber mais.
gosto de não os saber
- Freud explicará talvez -
pois quando os reler,
será como pela primeira vez

synopsis

alone,
trying to see
from the dark side
out of me.
so secretly
trying to escape
from the sadness
that I can't fake.
so out of me,
so out of time,
avoiding to see
the past that's mine.
so out of space
so out of light
so out of what's happening
in my mind.
so out of touch
so out of... whatever
trying to hold on
what's gone forever

páginas

as páginas em branco que toco
para folhear o livro que é a vida,
são rugosas, com um toque muito próprio,
como forma de manter o leitor
preso nessa página por mais algum tempo.
uma memória que se arrasta por mais tempo
como que a querer ser recordada
não pelo que conheceu ou viu,
mas, apenas, para se sentir mostrada,
coabitando na memória de outro,
apenas para se sentir viva.
passo para a página seguinte,
e leio outra, e a próxima,
e chegando ao fim, paro.
deixo as minhas memórias
- anotações, se assim quisermos -
como numa biografia que seja minha.
deixo ideias e ideias,
temas de conversa, reflexões,
profundas, superficiais, ou banais,
mas minhas, não obstante.
paro e penso:
será que estou a conseguir ver
para além do que leio e escrevo?

sonhos,

tenho-os, tem-los, temo-los.
desenho-os em papel,
recorto-os com uma tesoura
e com a ajuda de um pincel,
pinto-os com ternura
e esculpo-os a cinzel
num momento de candura.
espero, com a ajuda do tempo,
que me vai dando alento,
para procurar as imperfeições
de um alguns momentos
que se quedam com razões,
causas ou motivos
- exactos ou ambíguos -
mas puramente verdadeiros,
que o esculpido,
esteja vestido ou despido,
mostre aos olhos de quem veja
um sorriso de amor...
e que não cause inveja,
mas um sorriso maior

fazer e acontecer

tempo para parar
ou para arrancar.
de novo tento
dar algum alento
aos sonhos que crio
construídos numa barragem
submersa dum rio
que voga contra a margem.
dispo o leito
que se mostra disposto
a ouvir o clamor
como aquele peito
em que encosto o rosto
sentindo o ardor,
e choro com gosto
pelo desgosto que aceito
ao aprender a crescer
no meio do outros
que dizem fazer acontecer