encontras-me
pela hora do costume
no local habitual.
deixas-me sem fala
com os gestos que trazes
e que nunca te desarmam.
não fazemos as pazes
- temos tempo para isso -
nem fazemos nada, no entretanto.
encostas-me à parede,
não me dizes o quero ouvir,
tampouco o que queres dizer.
falas, mas não te ouves.
oiço-te, mas não te falo.
deixo-me cair prostrado,
com o movimento vigoroso
das tuas asas a afagarem
as rugas do meu rosto.
e por lá choro desamparado
lágrimas gélidas e doces
- não as consigo salgadas -
que se perdem em teu sangue
transparente como as janelas,
quente como um vulcão
que escorre por entre o meu peito
direito ao teu coração.
e assim sonho tão verdadeiramente
que acreditas que te encontro
nesse mundo tão diferente
que dura uma pulsação
inexacta e adsorvente