segunda-feira, julho 31, 2006

tu e/ou eu


nos teus olhos vejo o mar
não pelo seu azul, mas pela profundidade
vejo que vês o mundo a mudar
enquanto desfrutas do passar da saudade

sinto que não sinto a saudade
sinto a saudade que sentes
a minha está perdida na idade
a tua, está aberta, com presentes

desperto para a nostalgia
desperto com os sentidos
desespero com a letargia
acordo, como por magia

sou eu novamente
feliz ou infelizmente
comecei em ti e acabo...
em mim, invariavelmente

quinta-feira, julho 27, 2006

sentei-me no pretérito perfeito


comecei tal como acabei
adormeci tal como acordei
vivi tal como sonhei
sorri tal como amei

idealizei o que pensei
inferi o que conjuguei
aprendi o que vivi
aferi o que ganhei

ganhei o que aferi
aprendi o que vivi
conjuguei o que inferi
pensei o que idealizei

amei, como tal sorri
sonhei, como tal vivi
acordei, como tal adormeci
acabei, como tal comecei

segunda-feira, julho 24, 2006

aqui... sentado


sentado, sempre sentado,
a melhor maneira de escrever
sentindo-o desamparado
esperando a hora de tolher

e é assim o verão entre dois vales
sem nada que os afaste ou aproxime
sem nada que os faça esquecer os males
sem nada que os entristeça ou anime

sem nada, penso ser uma boa descrição
penso, apenas isso, não há certeza
o pensamento está obstruído pela imensidão
e a boca solta palavras cheia de tristeza

não entendo as palavras que balbucio
sinto-as, mas não as represento
oiço-as mas não as anuncio
e nunca, mas nunca, as apresento

sábado, julho 22, 2006

auto reflexão de um poema inacabado


inacabado! porquê?
alguém me explica a insensatez?
fazer algo inacabado, para quê?
esperemos que haja quem se satisfez

se considerarmos a arte como algo:
abstracto, e eternamente inacabado
veremos o artista como um fidalgo
que faz jus ao eufemismo exacerbado

o condão de deixar o incompleto
parecer uma obra viva, em crescendo
advém do não término, é certo,
pois o artista anda (re)vivendo

é por isso uma metamorfose
física, (a)moral, (in)consciente,
que se transforma numa anamorfose
de quem (d)escreveu o subconsciente

metáfora do tempo


sento-me a ver a relva crescer
o jardim a desabrochar
a lagarta a crisalidar
a agora ninfa a resplandecer

o tempo é uma abstracção
quanto demorará um minuto feliz?
mais ou menos que um segundo infeliz!?
o que os mede? a ocasião, a reflexão?

é um eterno dilema quântico
será o tempo uma quantidade elementar?
será que deriva do geomântico?
que será que estou para aqui a falar?

derivando o tempo não obtemos nada
mas através da primitiva, poderemos algo obter
o tempo é a velocidade derivada
uma explicação, para a estagnação que estou a viver

quinta-feira, julho 20, 2006

turbilhão

...e é em dias como este, em que sinto a latência do corpo combalido, que espreito a luz do sol e me sinto vivo. Acordo para a certeza de querer acordar e querer viver fora do sonho, que é a minha realidade. Acordo para descobrir os [meus] segredos que [me] escondo, com medo que mos descubram. Quero mudar, mas só, é difícil. Não quero nada, apenas tudo o que esqueço fazer-me falta. Não sinto ter tudo, mas sinto que não me falta nada supérfluo, apenas o essencial, que é invisível aos olhos. E como Narciso, vou definhando, contemplando um mundo idílico. Acredito na diferença. Acredito na fé. Acredito na expressão. Acredito em ti, quem quer que sejas, porque se não acreditar em ti, o que me sobra para acreditar? O curioso é que relembro sempre a mesma pessoa!
Curioso, ou talvez não!

quarta-feira, julho 19, 2006

pinceladas


na busca das formas
amorfas e contornadas
descubro as normas
que as regem, adornadas








acordo numa cumplicidade
cheia de calor e veleidade,
acordo, penso que seja isso,
para mais um dia, submisso







submeto-me ao capricho
não meu, de alguém inerte
que dentro do seu nicho
não faz nada, que acerte








vendo o resultado final
agradeço o capricho singelo
sinto-me bem com esse sinal
que me fez criar algo belo

terça-feira, julho 18, 2006

tu, outra vez tu!


Acordo, Penso. Ressuscito!
aprendo aos poucos o som
de um sonho prescrito
e sinto que existo

e em sonho me perco no dia
para tentar acordar e ver
acordo na sensaboria
de olhar e te perder

sono, não tenho sono,
só me apetece sonhar
prefiro viver na ilusão, sonho
do que não te ver ao acordar

tento escrever cuidadamente
de modo a expressar-me com clareza.
o que há muito sei, infelizmente,
é que não sou a tua natureza

anestesia para a tristeza


no meio de tanta tristeza
tirem um momento, e sorriam
por vocês, por nós, pela natureza,
por aqueles que não podem e queriam

sorriam para o mundo alheio a vós
sorriam como petizes
sorriam para todos nós
sorriam para sermos felizes

sorrir alegra a vida,
sorrir é bom para as enxaquecas,
sorrir de uma forma extrovertida
até molhar a...careca

sorrir, só rir, rir,
alegra o dia e a tristeza,
e dilata os vasos sanguíneos.
não rima, mas termina em beleza

metáfora


um comboio de corda leva-me
a locais nunca antes navegados,
pois o caminho encerra-me
entre montes, vales e pequenos achados

ecológico, económico e suficiente
para quê ter um a carvão?
ficaria o céu coberto de fumo quente
e deixaria de ver, o coração

contemplando os rios e cascatas
do degelo que se avista
mudo de linha e de coordenadas
em direcção a outra pista

penso em mudar de transporte
barco, avião, carruagem!?
para quê perder o norte
se o que tenho é uma miragem?

prossigo no meu sonho e brilho
alheio ao que [não] se avista,
uma montanha sem trilho
é o fim da minha pista!

segunda-feira, julho 17, 2006

espera


à espera, pacificamente
e em paz consigo próprio,
desperdiçando momentos idilicamente
e construindo um sonho inglório

é vã a espera, mas,
porém, todavia, contudo,
não se arrepende senão das...
das horas embrulhados em veludo

e nesta espera descansada
em que o tempo é demasiado,
ameniza a ira desenfreada
com que o tempo é chacinado

ai, como é boa a paciência
pouco mais que aparência,
pudica por vezes, outras não,
mas no cerne da sua essência
é pouco mais que um consolo, uma saliência,
para a qual basta estender à mão

domingo, julho 16, 2006

desafio


foi-me proposto um desafio
em tom de desafio.
desfiei-o de fio a pavio
e senti que baloiçava, como um navio

percebi que o sentido fugia
uma quimera por ouro,
é como perceber com decoro
a beleza complexa da magia

assim sendo, tornar-me-ia mago
não por feitos alcançados
mas por feitos desencantados
e de ensaios frustrados

é preciso perícia para perceber
que não sendo mago,
nem magia fazer,
não somos apenas um bago

ao Rui, pelo amigo que é e pelos desafios que enfrenta

A verdade apanha-se com enganos


a verdade perde-se na mentira
ou será a mentira apanhada com verdade?
será que o que digo é com ira?
será que o que penso é uma adversidade

perco-me em devaneios
e quase fujo ao tema prosado
mas terá a mentira entremeios
como a verdade tem assassinado?

se o azeite fosse verdade
e a água mentira
teríamos com severidade
uma metáfora de vida

e com pesar vos digo
que se a rima é importante
a verdade mais não é
que uma mentira constante

sem sentido


em ti, por ti, assim
sem eira nem beira
sem saber de mim
e procurando quem queira

começando com uma visão,
perscrutando por resultados,
estando no reino da suposição,
procurando as premissas deste estado

penso, penso, penso, penso,
blá blá blá blá,
de tanto repetir as palavras
elas perdem o significado,
perde-se como as sementes na lavra
e apenas o som vai endossado

espero que o tenhas recebido
como uma missiva enviada
sem destino definido
e sem casa acabada

a coisa


tenho uma coisa, pequena
tem um diâmetro exíguo
sim, é uma metáfora, camena,
com um destino contíguo

se durar cinco minutos
talvez seja pela cor
terá contornos diminutos
e adivinhar-se-á o sabor

não suponho que se compreenda
é presumivelmente incompreensível
não é nada que se aprenda
não é nada de plausível

é um desconcerto atroz
é uma noz coberta de mel
é o rio que encontra a foz
é o doce como fel

basta(aaa)


não me obriguem a escrever,
não quero, por favor, já pedi,
estou cansado de descrever
e de nunca sair daqui

sinto a escrever,
escrevo a sentir,
penso em conhecer
o que cá dentro estou a ouvir

ahhhhhhhhhhhhhhhhh
apetece-me gritar
ahhhhhhhhhhhhhhhhh
apetece-me voar

quero sair daqui para fora
ir para fora, cá dentro
pegar nos meus cogitos e ir embora
partir em direcção ao epicentro

quinta-feira, julho 13, 2006

coar


desprendido, alegre, solto
permeável, inimputável...
ideia que me deixa envolto,
mas é tua, não é por mim usável

e ao pensar na ideia
penso em ti também,
sinto-me emaranhado numa teia
e penso no quanto me faz[es] bem

e é assim que na mentira
surge a verdadeira verdade
não sei o que sinta
mas sinto saudade

sinto ternura e afecto
sinto uma grande comoção
sinto-me oco, aberto,
e pensar? porque não!?

'mente


deliberadamente
contundentemente
celibatariamente
apaixonadamente

calmamente
dementemente
desconsoladamente
descuidadamente

abertamente
afavelmente
acutilantemente
desactualizadamente

perdidamente
abundantemente
desleixadamente
escrupulosamente

encontrada
soluçando
na estrada
caminhando

con...[selho] quê?


vejo a alegre sombra do sol,
vejo a pálida luz da lua,
não são mais que uma mol
pois não lhes pertence cada uma

terão identidade sem as suas particularidades?
terão direitos sobre o que lhes não pertence?
terão direito às mesmas oportunidades
que um errante que o fim pressente?

que oportunidades serão essas?
darão direito a enxaquecas?
serão por direito ou dever?
serão por temor, ou por prazer?

poderemos imaginar contudo
que o sol não tem sombra,
e a lua perde o luar,
mas poderemos sequer supor
a vida sem amar?

um qualquer ser iluminado
pode imaginar a resposta,
mas será sempre tão despropositado
como alguém que nos bate à porta

oráculo


deambulando pelo ar rarefeito
encontro num momento imperfeito
uma constância perfeita do vocábulo
que mais não é, que um oráculo

bem, uma premonição o será
talvez um obstáculo,
que vantagem competitiva advirá
de sabermos os futuro antecipado?

e é nas pedras da calçada
que ressoa o nosso fado,
com uma cadência desordenada
e um som claramente iluminado

destoando no preciosismo do silogismo
que transforma premissas em lógica
me condeno ao exacerbado eufemismo
como que uma forma de retórica

“proémio” ou “início”


por onde começar?
já há ideias para o fim,
mas o princípio está a tardar
e não o consigo encontrar em mim

não penso agir em vão
ou em vão agir
espero um momento de decisão
para conseguir começar e sentir

o que fazer? dar um passo,
pois até a mais longa jornada
começa pelo primeiro passo,
pois o segundo é nada
sem o primeiro,
- e já nem falo do terceiro

e assim se fez o caminho, caminhando
com uma perna à frente e outra atrás,
num compasso, alternando,
mesmo chovendo assaz

terça-feira, julho 11, 2006

espero


espero
pelo silêncio da tua chegada
pelo murmúrio do entardecer
pelo burburinho da madrugada

espero
para não esperar nada
para sentir o amanhecer
para ver-te de volta a casa

espero
para querer poder compor
para poder ver o anoitecer
para sentir o teu calor

não vou esperar, nem querer,
vou fazer, agir, actuar
dissertar, cantar, escrever
ver, rezar, saborear...
e quem sabe, esquecer

renascer


uma morte anunciada
numa vida não vivida,
uma vicissitude desesperada
de um sonho em banho-maria

o soluçar da saudade,
o fechar dos olhos à luta,
o perder a vontade,
a batalha que não se disputa

o querer que se acobarda,
a quimera que se escapa,
pesam como uma albarda
e não cedem, como uma lapa

e porque é preciso repensar,
vamos cerrar os punhos e fazer,
criar algo para recordar
e fazer alguém renascer

sentir[-me]


descrevo o que sinto,
sinto o que descrevo,
perco-me num enredo indistinto
vendo o movimento de um cervo

a sensação de liberdade lá em cima,
um querer incomportável,
como uma mudança de clima
que me torna frio e desagradável

...ou quente e agradável,
numa ambivalência de emoções
que por mais que inadaptável,
me fazem sentir tentações

e sem rima ou métrica ou coerência
corro por aí em direcção ao indolor,
perdido na rua, vida e sapiência
e não encontro senão dor

poesia


plectro, carme, poesia
palavra mágica, metódica, sensual
que descreve a magia
de uma forma melódica e ritual

a magia de imaginar
e pôr o mundo a rimar
com um canto muito próprio
de um númen impróprio

estereotipar a realidade inolvidável
de uma forma inviolável
procurando uma métrica plausível
de modo a tornar o sonho possível

um contra-senso consensual
uma divagação nostálgica
uma rima intemporal
uma vontade nevrálgica

um hímen para letras cantadas
palavras dissertadas e sussurradas
sentimentos castos e platónicos
consagrações de ideais atónitos

terça-feira, julho 04, 2006

"regale"


é na noite que me encontro
é na noite que envolto em mim
encontro escondido o monstro
que definha por um fim

preso em corpo estranho e alheio
como um parasita, procuro,
para me libertar do bloqueio
um recanto obscuro

decadente como a memória
sinto-me nos anais da história
sentado, a ver o tempo passar
passando o tempo a cogitar

e na vida que se me atravessa
como candeias às avessas
de dentro do grande nada fujo
para fora do pequeno tudo

segunda-feira, julho 03, 2006

vampiro


corto os pulsos...
não para morrer,
mas para me sentir vivo
e reviver um último sorriso

o sangue que [em mim] escorre,
pertence-me, mas não é [o] meu
aquele que me percorre,
podes ficar com ele, é teu

sim, considera como uma oferta,
o que te dou, é a possibilidade de eternizar
não é etérea, mas está aberta
como a minha mão, à espera de se fechar

está a demorar para tomar uma atitude
a atitude de acabar o que comecei
é novamente um quase amiúde
é um quase que eternizei

a face detrás de mim


vejo a tua face por detrás do espelho
será coincidência,
um sinal de (in)existência?
não sei... não tenho respostas
como coelhos a sair da cartola,
um sinal de inapetência

dói-me a alma, o querer e as palavras,
dói-me o sentir e o saber
doem-me os eufemismos e as metáforas
dói-me o tanto [te] querer

dói-me o saber-te platónica
dói-me o não poder procurar
dói-me... como uma doença crónica
que insisto em não tratar

perco-me no querer gostar,
no não querer esquecer,
no amar...
o que só me faz sofrer

cruz


a cruz que carrego
é o eu que anseio
sem nada saber ao certo
por aqui vagueio

“tu” rima com força de vontade
força de vontade rima com vida
vida rima com verdade
verdade rima com destemida

e nesta hora da noite tardia
em que trocamos olhares cegos
com a luz fugidia
vamos conhecendo os nossos egos

e afogados no tempo da ampulheta
com a areia a cair
pegamos na caneta
e escrevemos o que está por vir

domingo, julho 02, 2006

detalhes apaixonantes


é preferível o amor na ilusão que a desilusão do amor...
apaixono-me pelos sorrisos
pelos cabelos, pelo odor...
dos cabelos molhados pela manhã
sou um apaixonado pelo detalhe
pelo invisível
pelo insensível
há mais coisas para viver
para além da própria vida
pois por mais que lutemos
não sairemos vivos
passámos uma “hora” fantástica
perguntas, respostas, comentários
apaixonei-me por “ela”
pelo momento que “ela” personifica
enfim, sou um apaixonado por “ti”
pelo que significas para mim
e pelo que nunca significarei para ti...
ou talvez não!
que se faça luz nessa hora de emoção
([ai os] detalhes)
“ai o chocolates”

faz


faz como queiras
desde que o faças,
não me deixes em suspenso
não me deixes a pensar
no quase que quase penso,
no cogito, no eu que se insurge
num qualquer motivo suspenso
...no tempo
na calma do descanso
no tempo que deixo
e me seduz
como o templário ama a cruz
e me desleixo, tal qual Aleixo
que mesmo não escrevendo
se expressava, com veemência,
sabedoria e reverência

"quase" ou "plágio"


“lembrei-me que há uma palavra que me persegue...
o quase...”
a motivação, ou inspiração, vem e vai
vem do céu, mas não cai
a beleza está em saber captá-la
a sua essência, a sua (in)decência
o seu id, ego, superego,
o iceberg por debaixo da água
o saber latente e incerto.
comecei a falar muito de mim
de situações do dia a dia, mas minhas...
e isso desagradou-me
nada é banal, desde que o faça
banal é não o fazer
banal é não querer
banal, o que é banal?
deixar de..., desistir?
solução fácil,
preterível?
preferível?
não é um hábito
faz-me sentir viva o quase
o quase saber que quase consegui
o quase que...
a vida é um quase quase
e eu sou um quase quase de vida.

apenas a nota, para ti, de que a inspiração pode advir em qualquer momento e de qualquer circunstância.

grito


BAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
apetecia-me gritar.
pronto, menos mau.
foi um grito virtual ;)
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHAB
foi um [outro] grito virtual...
ao contrário (;

confiei [cegamente] nos meus instintos,
e não foi boa a sensação,
quando uma pessoa vê aquilo que quer,
parece que esse algo nos chama
e diz que nos quer.
nunca tinha pensado assim,
mas parece-me uma boa perspectiva.
obrigado por me fazeres ver isto,
mas odiei senti-lo.
enfim, viver é aprender,
aprender é sentir,
sentir é arriscar,
arriscar é querer.
por muito que seja errado
não me sinto mal por isso,
talvez por estar cansado,
mas é uma forma de sentir, submisso

só, apenas isso, só!



apetece-me ser eu... só por um dia,
posso?
não o eu com o qual todos os dias convivo
mas o eu ao qual todos os dias sobrevivo
o outro eu que chora e se entedia

o eu que não se ri sempre e também chora
o eu que se desmotiva e sente só
e ao fim do dia só encontra pó
nada criado, nada planeado para o amanhã

nada de nada de nada de nada

eu sei que sei que eu sei que sei
assim como sei que não o demonstro
mas hoje é diferente, sinto falta
não que me sinta um monstro
apenas sinto tristeza na solidão
tantos amigos, tanto convívio,
tenho a manteiga, mas falta pão

não sei porquê, sabe-me a pouco...
oh, claro que sei porquê, mas sinto-me louco
um ego com dupla personalidade
onde já se viu?
já me falta a idade.
será que o meu id [me] ouviu?

sim, acabei, não quero falar mais disto
é pessoal, não é um conto
não querem saber!? não leiam, ponto.

sábado, julho 01, 2006

desconcertado


porque apareceste assim
deixando-me com uma mão nua
a outra desnuda
e sozinho, a mim

por um momento estive feliz
desconcertadamente concentrado
parecendo um petiz
a rir ao teu lado

jogos de palavras
eloquência q.b.
e eu espero veemente
que não haja duas sem três

contudo apenas uma aconteceu
pode ser que amanhã tenhamos a segunda
para eu sair do breu
e da barafunda

inspiração


sinto-me um ilustre desconhecido,
graças a Deus,
antes isso, que um pobre conhecido,
a quem as pessoas acenam um adeus

e aqueles que [realmente] me conhecem
que serão poucos, confesso
sabem que de mim conseguem
ter admiração e apreço

e nas palavras que escrevo
sabem eles bem,
que muito do que relevo,
o devo a eles também

a mim me cabe o conjugar
a palavra escrita
a eles cabe a forma de eu cantar
a palavra sentida

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