passeando na Lisboa de Pessoa
na mesma que o viu chegar, e errar
onde seu paço destoa
de uma estória a narrar,
viu em seus versos dissertar,
essa Lisboa mundana,
devassa e acesa,
de candeias às avessas
com humanidade sentida
de um quase eremita
triste, despojado, prostrado,
dependendo de um raio que urge
que ilumine a vida que surge
e resvale no padecer de um sorriso
arisco, impreciso, flutuante
perdido por trás dum abrasante...
rutilar, cintilar, rejubilar,
penetrante e desconcertante
quente, lânguido, sensual
lúbrico e lascivo desejo de...
VIVER
sem pontuação de qualquer forma
apenas isso, na sua própria simplicidade
de um dia lugar, aldeia, vila ou cidade
tomar o gosto da música que torna
a encher os ouvidos de veleidade
com uma pitada de seriedade
descendo a encosta ou ladeira
a ouvir o pregão de uma peixeira