quarta-feira, maio 31, 2006

lata

tento no tormento
sentir o que não sinto
sinto que num momento
em tudo o que sou, minto

sinto o querer em mim
sinto o esvair do eu
sinto uma presa de marfim
a perfurar o sonho meu

penso que quero sentir
sinto que quero pensar
penso que estou a sonhar
sonho que estou a dormir

e a ignorância lata
de uma lata ferrugenta
não será mais sapiente
que aquilo que me alimenta?

abstracto

procurando a palavra pálida
numa objectividade subjectiva
tão fidedigna e válida
como uma subjectividade objectiva

pensando, brincando, conjecturando,
vacilando, viciando, acabando,
recomeçando e novamente voltando
de encontro ao nada que está chamando

em prosa ou poesia
a ideia flui levemente, voa,
desperta na brisa da maresia
e voa pelos campos fora

é uma caminhada furtuita
é uma chamada ao tacto
é um conhecer absorto
é um condicente abstracto

aspirar

aspiro ser algo mais
aspiro inspirar e crescer
aspiro acordar no meio dos vendavais
aspiro ao acordar sentir-me viver

almejo pertencer ao mundo
pois nem tudo o que parece é
sonho que mesmo que lá bem no fundo
a hipocrisia morra na fé

e se o que penso é apenas isso
um conto de fadas, para embalar
o que faço, não o omito
é sentar-me a ver o mar

sento-me e percorro a beira-mar
de encontro ao infinito
se mudar uma pedra de lugar
terei mais um dia cumprido

domingo, maio 28, 2006

Life has strange ways


Life has strange ways...
It makes you cry of joy,
makes you laugh of sadness,
makes you wonder why,
makes you wonder how,
makes you share,
makes you feel free,
makes you feel a captive,
makes you feel pretty,
makes you feel unattractive,
makes you feel vigorous,
makes you feel inactive,
makes you wish,
makes you hope,
makes you hate,
makes you love,
makes you cry,
makes you smile,
makes you want,
makes you desire,
makes you be,
makes you feel,
makes you live in a moment.

Thank you life (even when I regret it…)

porque nem tudo se explica

acredita que as pessoas se podem conhecer
antes mesmo de se terem conhecido
acredita que me conheces
mesmo antes de te teres apercebido

acredita que num momento perdido no tempo
duas pessoas se encontraram, se conheceram
e que noutro momento encontrado no tempo
se lembraram que são o que em tempos foram

é preciso uma vida para acreditar
e às vezes uma só não chega
se calhar esta é a segunda... ou terceira

nem tudo se pode explicar
por vezes há algo que se nega
a realizar uma vida inteira

só se


se eu soubesse a maresia
se eu tivesse sabedoria
se eu conhecesse o sabor
que sapiente seria

se eu tocasse o céu
com a palma da mão e em bicos de pés
sentiria que o sonho viveu
por momentos um revés

foi o revés do sentir
deixando de imaginar
para dar forças para agir
ao invés de só sonhar

indagando a uma ideia
se seria outra melhor
fico com a mente cheia
de tantas em meu redor

sexta-feira, maio 26, 2006

viver

sento-me neste cantinho do mundo
sento-me relaxado, mudo,
sento-me e oiço o chilrear
oiço o bater das ondas do mar
oiço as pedras na areia a rolar
oiço o vento a bater
cheiro a maresia
vejo gaivotas em correria
atrás de um pedaço que não enxergo
sinto duas almas a pairar
e perante elas me vergo
sem pensar no que pensem
pois o importante é sentir
não o que os outros sentem
mas o que outros querem sentir
e recalcam amavelmente
como que com medo de viver
intensamente

quarta-feira, maio 24, 2006

sem sentido


sento-me e ligo o rádio
olho para a frente e vejo
ligo o carro e bocejo
e deixo-me ficar um pouco parado

relaxo, estalo os dedos
destravo, rodo o volante
contorno uns segredos
e sigo adiante

sigo pelas estradas do pensamento
cheias de curvas e cruzamentos
descendo vales, subindo montes
perdidas no deserto

volto à concepção inicial
volto a ver onde errei
passo na recta final
mas viro num cruzamento
em direcção a uma opção

e nestas encruzilhadas
em que umas dão às outras
e outras dão às umas
sigo em direcção às opção perdida
na encruzilhada da vida

Negação do eu

Não! Pára!
Não... Pára!
Não... Pára...
Não, Pára...
Não pára
Não pares
Porque não paraste logo no início?
Porque deixaste que em mim tomasse esta dimensão?
Porque deixaste tamanho restício?
Porque deixaste este sentimento consumir o meu coração?

não sei o que fazer
neste mundo de aflição
quando um Homem perde o norte
e encontra o coração

vive, cresce, aspira ser
o que muitos não tentam
e querem poder... ser

encontra o teu caminho
refaz o teu destino
acorda e grita bem a alto
"A mim, nunca me falto".

dou o salto para a vida
caio na valeta
levanto-me a sorrir
e caio na sarjeta

resisto
não desisto
não me escondo dos problemas
enfrento-os apenas

sem coragem e vontade
só resta a cobardia
sou um deus escondido
no meio de tanta porcaria

sou nada, e embora
em nada me transforme
sou diferente
mas não sou disforme

gestos, olhares, palpitações
olhas-me como que a quereres
sinto-te a invadir-me as emoções
e em mim a te perderes

despidos de preconceitos
ingenuidade e muita inocência
acredito que sem estes preceitos
não teríamos esta nossa essência

vibra, sente, vive intensamente
cresce e amadurece a nu
dá tão verdadeiramente
que tudo o que dês... sejas tu


espero que este seja um grito para acordar(es) de um sonho (su)real...!

"sob" ou "pedestal"

para quê sonhar, se no fundo
tudo o que fazemos mais não vale
que pôr o mundo
sob um pedestal

desse pedestal pode cair...
desfazer-se e esmigalhar
partir-se em cacos
e não se poder colar

a fragilidade da vida
tão preciosa e sublime
parece que coibida
ao encontro do destino

no fim nada prevalece
e mesmo quando não estamos no fim
pensamos se envelhece
o que nos deu a vida em si

não sinto senão tristeza
no momento em que penso
de pensar que sem firmeza
não saímos desta vida com senso

na penumbra do nada
na escuridão da luz
oiço a morte anunciada
e o som que produz

para quê sonhar com a vida
se não sairemos vivos dela?
mesmo que toda partida
senti-la-emos sempre bela

por mais triste que pareça
há sempre algo que nos aqueça
esperando que compadeça
mais uma gota de esperança

Toda esta displicência perante a vida, pois começa a (re)aparecer o sentimento de impotência perante algumas situações que nos passam ao lado, e só sabemos depois das coisas acontecerem.

"se" ou "se"

e se... se, se, se, se, se, se?
se?
se?
se?
se?
(...)
se?
se, o quê?
se, porquê?
se, quando?
e se... nada!
não, e se... e se,
porventura, hipoteticamente,
a noite cobrisse a terra
e o sol se despenhasse
fazendo uma cratera
e se despedaçasse?
que seria da lua,
só, desprotegida, nua,
com frio e sem luz?
cobrir-se-ia com um capuz
ou afastar-se-ia da sua órbita
em protesto contra a solidão?
esqueceria como tudo era
e começaria de novo
ou, simplesmente, fugiria
em direcção à luz de um novo dia

terça-feira, maio 23, 2006

"pedras" ou "castelo"

se forem ao castelo de Pessoa
mandem-lhe cumprimentos meus
pois, mesmo com todas as pedras
ainda não construir o meu,
quando olho para cima,
consigo sempre ver o céu.
tenho pena das pedras
se até com um grão de areia se aprende
imagino o que se aprenda com uma pedra
por isso, ao invés de as amontoar
indiscriminadamente, numa parede,
contemplo-as e penso ao tocá-la
daqui a algum tempo esta parede terá uma história,
mesmo que recente, poderá contá-la.
cada pedra terá o seu bocadinho de história
e também uma história conjunta,
mas ouvindo a história da parede,
contada por cada uma das pedras
será sempre diferente
sempre bela e enigmática
num murmúrio constante
de percepções diferentes
conforme a disposição em que se encontram
a posição que ocupam,
ou simplesmente, na verdade,
pelo peso que detêm na sociedade

apre(e)nder

rapidamente
pois não tenho tempo,
baixinho para não me verem
baixinho para não me ouvirem
aninhado no meu cantinho
a aprender a aprender,
a aprender a desenvolver,
a aprender (e) a ser feliz,
a criar e a aprender,
e a ouvir, ou melhor
a contemplar o som dos ecos
na minha mente melodiosa
se bem que por vezes ruidosa
mas radiante de harmonia
despida de conceitos
iniciando-se em preceitos
e a preceito para o tempo
que tento compreender
e não consigo apreender
não consigo conceber
não consigo querer
não consigo chegar mais longe,
já dei o primeiro passo
já percorri o primeiro caminho
sei que foi devagar, devagarinho,
mas está feito
agora faltam todos os outros
por isso encho o peito
-de ar- parto
para o belo desconhecido
que é o saber escondido

segunda-feira, maio 22, 2006

“som com tom”

injecto-me com letras
consumo-me com palavras
deliro com as frases
morro pelas quadras,
sextetos e sonetos
arrasto-me pelo som
desespero por ouvir um tom
uma simples nota
um boçal acorde
uma ingénua melodia
uma só palavra
numa grande orgia
de notas.
uma só frase
a conjugar com sons
rebento num orgástico sentir
numa fleuma de ideias geniais
numa vertigem de sinais
num querer tocar, cheirar, observar,
aperceber o que passa por mim
com o leve toque adocicado
de um poema terminado
e com o sentir musicado.

“lê” ou “da”

partes, apenas partes,
nada fica imóvel
para que te afastes
com essa percepção flébil,
leda, plangente, contente,
animosa, débil,
enfim, sendo tu própria
sem se importar com os outros
com o que pensam, sonham ou destroem
com o que querem ou consomem
como se o teu mundo fosse vácuo
completamente inócuo
impermeável ao passar do tempo
como um passatempo.
errado ou correcto?
quem sou eu para criticar
apenas necessito do teu afecto
como o de todos os que respiram
e emanam uma aura positiva
que me ajudam a crescer
que me fazem enlouquecer
de vontade de aprender
e ser melhor por eles
e também por ti
e porque não
também por mim!?

poema

um poema é não mais
que um exagero da realidade.
eu sou um exagero da realidade,
eu sou um poema!
é um silogismo válido
não me olhem de soslaio
que eu daqui não saio.
terei assim tanto para contar
em tão curtas linhas
de egocentrismo a latejar?
não me atirem ovos ou fruta podre
atirem-me pedras e grandes
poque sou pobre
e assim, poderei fazer um muro
e não ser importunado
no meu devaneio desinspirado.
no fundo, quero apenas dizer-vos
que são a minha inspiração,
o meu exagero, logo, vocês são "eu"
abro o meu "portão"...
entrem e exagerem
meus poemas

"procura" ou "desconsolo"

decidido na partida para ontem
descobrir o que deixei para trás
procurar pelo amanhã
ver algo que me apraz
envolver-me nos mistérios
descobrir-me num novo hoje
num grande despautério,
penentrando a escuridão da incerteza
imerso na vontade de descobrir
a saudade do sorrir
o que poderia ser e não é
e o que é e não poderia ter sido
o que me mantém a mente aberta
e a sela para o exterior
na ortogénese do individuo
curvo, cabisbaixo, aninhado,
triste, carente, defraudado,
acorda e ergue-se enfim
curioso, alegre, obstinado,
procurando sem fim
a permeabilidade das ideias
a refutação de ideiais
a criação do novo eu
a reformulação da sociedade
e cai... esgotado
com tamanha incredulidade

domingo, maio 21, 2006

(des)cansado


quero descansar,
quero dormir,
quero desaparecer,
quero-me imiscuir,
quero voar daqui para fora,
quero ter a minha quimera,
atirem-me pela borda... agora
vejam-me despedaçar o que perdi
e colar o que ganhei
vejam que vivi,
por momentos, pensei,
o que é necessário
para a vida fazer sentido
não é altura do meu obituário
não quero estar sentado
a ver passar o fado
por isso espero continuar
a viver, mas uma nova vida
não heróica ou destemida
mas a minha vida.
talvez a juventude se note
nestes pequenos tormentos
que abalam pensamentos
que corroem sentimentos
e nos deixam no desalento
mas, no fim, a vontade
a coragem e doçura
perduram de verdade
com força para viver
atrás de um caminho
por nós escrito,
traçado e inacabado.

pLOFT


viver para a escrita
ou viver da escrita
inspirar-me para viver
ou viver para me inspirar
o que me apoquenta é
que por vezes
a inspiração vem
quando menos o espero
e quando mais a sinto chegar,
não estou bem.
falar sobre isso,
para quê?
vai voltar a acontecer
vai voltar a ser
vai repetir-se?
é indubitável
e é um sentimento inolvidável
fúria, ira, frustração, depressão?
é uma qualquer ideia
deixem-me sair dela
por favor
estou farto
parem o mundo, quero sair
parece que a montanha não pariu um rato
o rato é que se está a parir
porque não tem lógica
não tem, não tem, não tem
não faz sentido
nem a rima sai bem
que treta de destino
que mudamos dia após dia
e no fim, que destino?
nós o deixámos acontecer
com música, filmes, cheiros e sabores
e muitos dissabores
e acho que vou parar por aqui
antes que descubra o que escrevi!

“Bom dia”


R
Ri
Ri-te
Rito
Ritmo
Ritual
é transcendental
este amor
platónico e histórico
que se resume a
“bom dia”, “como estás?”
com respostas, por vezes
e outras vezes “até amanhã”,
(se soubesses a falta que me faz
dar-te a minha caneta pela manhã)
e é por isso que te amo
porque lês nas entrelinhas
as palavras pequeninas
que parecem adivinhas
e sentes com calor
o que te dou com amor.
Bom dia :)

a amizade é a verdadeira forma do amor

“uma” ou “palavra”

espera
desespera
circunda
circula
corre
percorre
sente
emana
consente
plana
voa
ecoa
vive
respira
sonha
ama
acredita

crê
resiste
EXISTE

quebra cabeças

penso, observo, controlo,
ou penso que controlo
ignorância é felicidade
e lá porque alimenta o corpo
não significa que alimente a alma
que alimente o sonho
que dê vida quando cerramos o punho
que nos mate quando serramos a alma
e enquanto seguro esta lapiseira
penso na tamanha bebedeira
que o meu corpo aguenta
e a mente aceita
de modo a esquecer
o que me apoquenta
para quê quebrar as regras
se elas não existirem?
não haverá desafios, confrontos,
o que nos apoquenta não o faria
e a alma fugazmente nos pediria
“quero um desafio,
inventa algo,
regras, leis, vícios, virtudes,
faz-te Homem e vais construindo
o que outra vai destruindo”
e é assim que vejo
pois a liberdade é limitada
pela capacidade libertada
de outro de nós em construção
com o seu mundo em expansão.
Sonhou?
Criou!

oferta

“o que te ofereço é um comprimido”
isso mesmo, um comprimido,
em forma de palavra
te oferto este poema
que acaba como começa
como uma dor de cabeça...
não, a dor tem coisa boa,
(re)lembramos que existimos
como quando passeamos por Lisboa
e (re)lembramos que sentimos.
sinto, não consigo evitá-lo,
sinto-me apaixonado,
por ti, por toda a gente,
e estendo-me, aqui, deitado,
a pensar, na matriz
no professar, no acreditar,
no viver a realidade
procurando a verdade
“rompendo a saudade”
pois quem acredita vive,
quem nos faz acreditar
que o que respiramos é ar...
e estou perdido nestas linhas
despeço-me e até a um novo dia
como quem espera que um dia regressem
com saudade e alegria

cognoscência


divagando, trauteando,
indo pelo desconhecido eu
passeando, contemplando,
(re)descobrindo o que em mim morreu
numa teia de veemências
difusas, escondidas, obscuras,
são belas maledicências
são sumptuosas torturas
... e embora o que escreva
não me faça sentido
por estranho que pareça
não me sinto perdido!...
sinto apenas que padeça
de um mal repentino,
e, enquanto aqui deitado escrevo
e oiço a humildade de quem fala,
a alegria de quem canta
(e seus males espanta)
a euforia de quem ganha,
o espanto de quem descobre,
sinto-me... sei lá!...
apenas sinto, nem muito, nem pouco,
talvez um pouco – ou muito – louco
musicado pela vida – sim, pela minha –
depressivamente eufórico
como se vivesse um momento estórico
e agora penso em ti
porquê?
porque me fizeste ver o lado belo
das coisas, dos gestos, até do tempo,
dos momentos singelos,
e é por isso que em silêncio...

sábado, maio 20, 2006

álbum de família


uma foto, duas, três
e um álbum se (des)fez
tanta foto tirada
tanta esperança desperdiçada
tanto que virou nada,
histórias e estórias (mal) contadas
em momentos...
um, dó, li, tá,
já cá está,
já não está,
vou p’ra lá,
fico cá,
sei lá!
sei que nada sei
cada qual é como é
e cada qual segue um caminho
o caminho que escolheu
em direcção ao breu
ou à luz
que seduz
e verga a vontade
do ser contra o individuo!
e já temos o álbum,
agora, falta a família
que não basta ter pessoas
carece de sentimentos
carece de momentos
carece de compreensão
carece de paixão...
enfim, uma família

(ab)sinto


sento-me atarantado
sinto-me atrapalhado,
peço uma cerveja
alguém me beija
tiro uma folha de papel
escrevo sobre algo que não sinto
a cerveja sabe a fel
peço um copo de absinto
falo comigo e a mente foge para sul
divaga, dispersa e desaparece
por entre adornos de azul
como mais uma viagem que se comece
talvez por um crime que se comete
ou por um não ter cometido
sentido fome, medo e frio
com o calor do absinto frio
servido num copo mal lavado
que é bebido de um trago
e solta toda uma panóplia de cores
BRANCO
é tudo o que vejo,
e com uns laivos de senilidade
vejo uma bela fealdade,
no entanto começo a enxergar
vejo o verde, o magenta, o anil,
vejo cores, mil,
vejo, revejo, almejo,
crio figuras disformes
pinto-as a meu bel-prazer
e nos contornos deixo
uma corzinha do meu ser

“par” ou “ir”


apetece-me voar
sei lá, deixar de estar,
mudar, correr, andar,
ou porque não, gatinhar?
esta dualidade,
que em nada é igual,
apresenta uma originalidade
em tudo dual
sentindo um contra-senso
como o pesar do tempo
a velhice e sensaboria
versus
juventude e sensaboria
irreverência e veemência
claustrofobia e agorafobia
uma dicotomia na análise
que deriva da psicanálise
e que mais há a dizer?
bem, talvez, nada
abramos as portas de par em par
caminhemos sem destino
sem sítio onde parar
e quando esgotarmos,
descansemos e apreciemos
as dádivas da viagem
com tantas paragens
quantas quisermos

(in)satisfação

despertando para o prazer
sentindo os meandros do obscuro
procuro uma forma de obter
a luz de Arcturo
não conseguindo descrever
o que há de errado em mim,
defeitos sinto-os mas para os ver
teria de aceitar o alastrim
deixar a mente voar
libertar os fantasmas
aceitar o ser quem sou
deixar crescer o neoplasma
de forma ao Sr Doutor
encontrar a minha doença
que apenas não é mais
que a consciente inconsciência
de não me aceitar nos defeitos
encontrando lá virtudes
que não deixam de ser defeitos
num ciclo vicioso de excomunhão
que diverge para a ingratidão
de crescer e não me aceitar
e o que quero dizer
é que os meus defeitos existem
não perecem nem desistem
apenas se mantêm lá
e mais uma vez
do mal de mim não consigo falar
azar
fica para mais uma noite
de apoplexia e vodka
como antes fazia
sem pensar se dormia

“olhar” ou “luz”


parado, olhando pasmado
para nada, esperançado
de olhar lancinante, chorando
sorrindo, por estar acordado
acordado no sonho da vida
dormitando nos conjuros
criticando os meandros obscuros
olhando ávido e de forma destemida
acreditando na luz
esperando o luar
padecendo na cruz
de uma vida a latejar
sem nada que esperar
sem nada que desejar
tendo tudo à beira
bastando a palma da mão fechar
num contra-senso consensual
de uma ideia sobrenatural

“heresia” ou “deus”


sina, destino, fado, adeus,
têm todos o mesmo fim
e o início pertence a Deus
a uma ideia, mito, motim,
o fanatismo, a ruína, o apogeu,
e, acredite-se no que se acreditar
cada qual é o seu próprio deus
para o bem, ou para o mal
na saúde ou na doença
até que a morte nos separe

“med(i)o”

a necessidade do medo em nada obsta
à necessidade do prazer
pois o medo enfatiza o prazer
o prazer de se sentir a viver

o medo de ser descoberto
mesmo nenhum mal tendo feito
é um direito encoberto
de uma vaidade por direito

dislexicamente irreconhecível
perdida no meio do nada
o medo atinge uma proporção inverosímil
o corpo pára... e a mente fica petrificada

e o inanimado ser se mortifica
com ritos próprios e funestos
perdidos na sua própria política,
padece por não tomar o primeiro gesto

sentindo uns laivos de heresia
uma perpétua busca interior
uma descoberta feita de batalhas
guerras, falhanços, conquistas e amor

e aqui pasmo no marasmo,
vejo auras sem cor
procuro vida em sarcasmo
vejo latência e temor

“mente”


dissertando sobre o medo
a vontade de sentir
a esperança de um momento
nos sintamos existir

e essa existência crua
liberta-nos para a vida nua
sem capas, protecções ou redomas
de modo que, saímos das nossas poltronas

e a poltrona, outrora agradável
fica de tal forma banalizável
que podemos viver alegremente
como uma criança, puramente

e na pureza do sentir
o medo, o horror, a descoberta,
a volúpia de desejar ver, ouvir,
deixa a mente aberta

“desenho” ou “nu”

desenhas o meu rosto,
com uma pincelada rápida
forte, decidida, com gosto,
desprendida e ávida,
sonhadora e realista,
barroca e impressionista,
desesperada e inspirada,
fluida e irada,
rancorosa e obstinada,
e no fundo a ideia base,
é criar apenas uma face
diferente e irreverente
alternativa e mágica
de cor transparente
e expressão tágica
invocando uma ninfa
uma pseudo ninfose
a contornar a metamorfose
de mais uma ideia
que divaga, vagueia,
e no fim se devaneia
dando origem à criação
de uma imperfeita perfeição

“sou” ou “tu”

sou o fogo que te consome
sou a água que te acode
sou o vento que te apazigua
sou a noite que te possui

sou a palavra quente
sou o verso reconfortante
sou o nada crente
sou tudo o que é perturbante

sou o tudo ou mesmo o nada
sou uma alma penada
sou aquilo que escondes do espelho
sou uma peça fora do aparelho

sou tudo o que és
sou o que almejas ser
sou o que amas, e temes
sou aquilo que queres conceber

sou o teu queixume
sou o teu costume
sou a tua vida
sou a tua sina

sou a falha no sistema
sou a consciência na tua sociedade
sou o teu anátema
sou a tua futilidade

“Mar” ou “Gare” ou “Ida”


não tens de o achar
eu o escrevi, eu o senti
eu te descrevi... para mim
e egocentricamente
pus lá um pouco de mim
não porque de mim precise
mas porque sem mim não sinta
sem ti não faz sentido
dizer que vivi
que respirei
que senti
pois continuas a ser parte de mim
ainda que um dia
como hoje, amanhã ou ontem
não o acredites
mas nunca hesites
em dizeres o que pensas
pois a tua liberdade, independência,
sensibilidade e quiçá o senso
para mim é importante
de modo a acreditar
que fui, mesmo que por um instante
um pouco de um diamante
cheio de emoção
que é o teu coração

(d)escrever

só choro
só me apetece chorar
a alma resvala pela ténue linha
não querendo o eufemismo exacerbar
quero evoluir
quero sentir o evoluir no sentir
no pensar, no tecer, no criticar,
no ser e no amar
no amanhecer e no ouvir
no sentir a música que oiço
a poesia que escrevo
a vida que descrevo
que se não é minha,
de quem será?
quero que o mundo rode
que rode, que rode, que rode
de modo a criar uma ode
sobre si próprio na vertigem
no ténue equilíbrio
que a rotação provoca no eixo
que parece que o atirar de um seixo
poderia romper a harmonia
que a rotação cria
recria e anima
de forma a acabar
como acabou de principiar

“parafraseando” ou “escrita”


escrevo e sinto
por trás há algo maior
mor vontade, mor soror,
mor mensagem, mor viagem,
mor odes, mor vagem,
mor escrita, mor sentir,
não sei se me saio bem ou mal
nas lides da escrita
contudo, por mor imberbe
que a noite seja
ou o eu falacioso
descontente e medroso
tento exacerbar os sentido
apurar a vista
sentir o bafejar
exasperar os ânimos
privilegiar o perdido que me sinto
e se continuar minto
não sei o que escrever
não sinto o que estou a dizer
tudo me sai
em nada penso
a música bate no fundo
a batida é insuportável
o ritmo é ensurdecedor
o som é inaudível
e caio esgotado com tamanho ardor

(in)Definido

fugindo do que espero
correndo para o que não quero
almejando que o momento
não perdure, não seja eterno
não se perca no tempo
que tenha um botão de desligar
que tenha um controlo remoto
que tenha qualquer coisa
que tenha uma forma
que possa tocar
ou ver
ou ouvir
ou, porque não,
que possa sentir o seu coração
de modo a estar de sobreaviso
que sinta o seu pulso
que personifique os meus medos
que exista de uma forma
que não só em mim
mas que seja visível, palpável,
sei lá, expugnável,
que não me tenha debaixo do seu manto
e me deixe sair sem medo
sem receio ou sofrimento
sem nada
de orgulho despido
de humildade vestido
que me ensine
que me perdoe
que me ensine a voar
e me deixe naufragar
na calma do mar

“latência” ou “inusitado”


parco de sentimento
lato no sentido
perdido por um momento
no sentir descomedido,
cometo a loucura de almejar
sequer pensar
noutra coisa que não em sustentar
a insustentabilidade do alter-ego
que em mim me desagrego
e desprendo com uma inconstância
que se revela na distância:
“e se eu não existisse
que sentirias tu?”
sentirias a espontaneidade?
a serenidade? a verdade?
a fé? a vontade?
a ganância? a subversividade?
a maledicência? a caridade?
terias acuidade ou sorririas?
por ventura vender-te-ias
talvez por uma quarta
deixar-me-ias uma carta
(culpando-me)
vai para o raio que te parta!e deixa-me com barriga farta

“FIM” ou “início”


o principio do fim
ou
o fim do principio
falácia ou contra-senso
sensibilidade ou bom senso
afectividade ou aprisionamento
liberdade ou desprendimento
apreciando o abjecto
a alma do objecto
a dignidade da idade
na velhice ou mocidade
na saúde ou na doença
até que a morte nos separe

“sonho” ou “falácia”

sonhando ao mentir
a vida se depara
com quantos carinhos
carrinhos, carros, carretas,
cara e caretas
de deficiente locomoção
que nos causa a emoção
de uma vida vivida
insolitamente nos perguntamos
se a vida viveu
se o tempo passou
se o carinho chegou
se o ego espaireceu
se o vento soprou
se a nuvem se elevou
e alma cresceu
como o balão que ao voar
de ar quente a latejar
subiu realmente
ou será falácia dos sentidos
que de querermos acreditar
nos deixa em nós perdidos

“vício” ou “in vitro”

desprendido da vida
viciado no instante
na noite perdida
sinto o seu olhar penetrante
causador de insónias
contador de histórias
falacioso e verdadeiro
genuíno e pantomineiro
dependente de uma luz
lancinante e aprazível
tão pura e desprezível
banal e grandiosa
hiperactiva e ociosa
disponível para viver
como outra coisa qualquer

num poema à penumbra escrito
deixo um verso bafejado
no calor de um beijito
um abraço apertado

“id” ou “ego”

aqui estou
onde?
aqui
porquê?
porque existes
porque hesitas
porque resistes
para que existas
de que forma?
da forma da alma
da forma do ser
que se acomoda à alma
que se entorpece a viver
para quê?
para nada
para tudo
para o fim
para o início
como?
assim
assado
cozido
guisado
como assim?
assim mesmo
criticamente
explosivamente
compulsivamente
e apaixonadamente

A (in)dependência do medo

a inconstância da vontade
revela-se no momento da verdade
da dor, do medo, da subversividade,
da heterogeneidade da espontaneidade

na diversidade de emoções
o coração esgota as rotações
rebenta em pulsações
e explode em emotivos turbilhões

para quê pensar se a vida passa
não se percebe porquê a ressaca
que deixa ao passar e devasta
o que para a vidinha basta

onde pára o sentido crítico
quando dele não necessito?
onde pára a inspiração
quando o que necessito é pão

pão para a alma
pão para a vida
pão para vivalma
pão para a despedida

“luz” e “dia”

e nada faço aqui,
que cansaço exacerbado
não há nada que me incite
a manter-me acordado
acordado numa vida
triste, melancólica e luzidia
de uma cor sombria
na penumbra da cor
que sabe de cor a luz
que emana a emoção
de forma a que o coração
insista na sua renovação
de modo a criar uma explosão
de um cérebro moribundo
que acorde para o mundo
e desabroche, cresça, voe
como uma borboleta difusa
com sonhos, feliz e fortuita
nos seus gestos, actos
desprendida da vida
e com fome de viver
pois não sabe se no próximo momento
verá um outro a seguir
ou viverá para viver
a vida a prosseguir

(s)urge

como o poeta que definha
o seu desmedido sentimento
no calor de um momento
frio, gélido, insensível,
demente e desprezível,
que urge, impossível
impossível de encontrar,
procurar, pensar, ou mesmo,
ou mesmo de sonhar,
que definhando os seus suspiros
escrevendo-os em papiros
e caindo em seus sonhos
acorda para a vida
do outro lado do túnel
com a luz há muito perdida
desproporcionada e desmedida
e no entanto sente a falta
do mundo que deixa
que apesar da maleita
na sua escrita o fez feliz

(tri)ângulo

sinto-me obtuso
como que um fuso
que não fia
e ao ver-se tardia
a hora da despedida
sente que o seu trabalho
afincado e apaixonado
de nada serve confrontado
com a nova maquinaria
em constante romaria
que trabalha noite e dia
sem descanso ou personalização,
mas, porém a paixão,
fala mais alto e rompe
com a instalada frustração
e cria algo novo
como outrora o fazia
e como se não chegasse novo dia
cria, e cria, e cria

“er” ou “vã”

farsa, pantomina, zombaria,
impostura, chucarrice,
que chatice, esta romaria
que em nada se parece
com o que quer que seja
e no luto se enegrece
como uma galinha que cacareja
de cabeça perdida e esquece
que o momento é para esquecer
e de nada lhe vai valer
o facto de nada saber
sobre o que vai acontecer,
tantos “er”, que chatice
o som não desaparece da alma
parece uma repetição repetitiva
que em nada quem lê acalma
e bem que o nada desaparecia
de forma que esta conjunção de nada
se transforme em coisa alguma
e por fim tenhamos
coisa nenhuma

“sem” ou “mote”

sento-me, estico o braço,
relaxo, descontraio,
não sei que faço,
mas espero a inspiração de Maio
para que o tempo volte
de modo a que sinta o mote
sei lá o que quero
não tenho norte
não tenho nada
quero o que não tenho
desdenho o que tenho
e estou farto de estar sentado
como um bebé à espera
de um rebuçado

par(te)

bato levemente a uma porta
que ecoa e vibra
como que viva
e não morta,
predispondo-se a fazer chegar
uma mensagem, um som,
uma forma de anunciar
que alguém, eu, já lá estou.
e com estes pares acção-reacção
é anunciada a chegada
de uma notícia, pouco aguardada,
para não dizer nada,
pois notícias que pela porta chegam
trazem triste sina, ou ,mendigos
que vagueado, perdidos,
encontram um rumo, uma estada
que por breves instantes
no meio do nada
são uma luz,
uma visão
para uma eterna comunhão
entre o peregrino e a sua cruz.
esta notícia não será contada
pois, o mais elementar
e estar em segredo guardada
para os incautos despreocupar

(mor)cego

despido, sentado, prostrado
despenteado e desarrumado
indistinto e exacerbado
como um poeta, prosado,
fumo um cigarro e escrevo
bebo um copo e observo
crio, recrio e antevejo
observo o que não vejo
desespero por uma musa
algo que se escusa
caio, fico absorto
prostrado, morto,
acordo e relembro
um sonho de Dezembro
levanto-me e sinto-me zembro
cambaleio, como se falhasse um membro
insisto e quase desisto
mas, porém, todavia, contudo
consigo, grito por fim
sou cego, mas não sou mudo

Ana

o devaneio é inerente ao estado
estado de ser e estar
estar aqui, ali, acolá
acolá onde o sol bate
bate e como que queima a pele
a pele branca e perfumada
perfumada pela brisa da maresia
maresia que apazigua a alma
alma que se desprende do mundo
mundo que roda sobre um eixo
eixo que ninguém vê
vê o eixo e crê
crê que está a mudar
mudar para acreditar
acreditar que se vive
vive para os outros e para ti
ti, mim, nós, o mundo
mundo que rodopia
rodopia e volta
volta ao início
inicio do devaneio
devaneio inerente ao estado
estado de ser e estar

“aqui” ou “ali”

longe, perto,
o sentimento é imaterial,
o que nos separa é adimensional,
nem a savana ou o deserto
pode fazer esquecer o aperto
pela insatisfação inerente ao ser
eternamente desolada pelo afastamento
como num campo de concentração
onde se concentram num coração
tantos sentimentos,
as coisas fazem sentido
porque existem pessoas
hoje fazes sentido para mim,
por um qualquer motivo
amanhã, quem sabe
talvez eu o faça em ti
e para ti

os gatos

os gatos
perdidos no seu miado
enroscados nas pernas de alguém
mesmo sendo ninguém
deleitados com os carinhos
dos pequenos meninos
e dos pequenos gestos
de afecto e gentileza
de carinho e beleza
de tudo o que urge
faz falta, assalta
e de repente surge
assola a mente, demente
sem razão, sentido ou precisão
apenas o sentir-se querido
no bater de um coração
ao fechar a palma da mão

sexta-feira, maio 19, 2006

oco

sento-me, contemplo, sinto,
o nada em que me perco
o tudo onde pinto
um belo cisticerco

não faz sentido sentir este vazio
este nada, esta coisa alguma
este sentir elísio
que turva a bruma

e de tudo isto sinto
sinto um enorme prazer
não por sentir
mas por consegui-lo dizer

e de forma solta, leve
vou saltitando oco
de passo breve
em direcção ao ovo

partida

de partida para longe
sentido a brisa que me apraz
sinto o abraço profundo
e uma saudade por trás

antes mesmo de partir
o sonho toma conta do meu ser
sonho com o teu sorrir
acordo para te rever...
mais uma vez

neste sentir melancólico
contemplo o teu abraço apertado
o tempo está tão bucólico
parece que estou arrasado

mas na partida
o sentir que volto
volto para a vida
em desejo envolto

quinta-feira, maio 18, 2006

júbilo

ah ah ah,
pois assim sendo
saia mais uma gargalhada
pura e desnaturada
sem complexos ou inibições
deixando à beira as frustrações
e rindo, sorrindo,
desprevenido, e também, porque não
indefinido,
nas mais leve essência
tocando a demência
vespertina de uma noite mal passada
procurando a almofada
ou o cheiro da pessoa amada
sem ter nada, que não seja
uma aragem que bafeja
sons insípidos e apáticos
que levam a sonhos nada simpáticos
trazendo gestos quase dramáticos
como o virar-se do colchão
atirar o relógio ao chão
e gritar “AINDA NÃO”!

limbo

sem nada que me atraia
sem nada mais que deseje
tudo o que me resta roda, como uma saia,
num baile de Santo António
puro e casto, lúbrico
onde o que parece não é
e o que é não parece
pois na ideia exacerbada
de uma sociedade desleixada
onde as aparências iludem
todos os que a seguem
que se cuidem
pois ninguém,
nem mesmo o incauto
consegue fugir-lhes
como a Deus ou a Fausto

cadente


nas figuras de estilo perdidas,
sem sentido, jazem histórias inarráveis,
que com o tempo se perdem, aturdidas
incompletas, desgostosas, inalienáveis,
e o tempo as não faz esquecer
que por não podendo partilhar,
sofrem uma dor lânguida e torpe
sentindo o enjoo e o desnorte
de uma noite escura e lúgubre
sem sentido ou satisfação aparente
como o calor ardente
que consome o ser indiferente
ao passar do tempo e do momento
em que se sente
aparente, displicente, complacente,
atraente, e ...
porque não, decadente

estenose

enquanto dormes te sinto perto
sem que a distância não nos deixe de separar,
eu fico perdido na saudade irrelevante
de que um dia te há-de encontrar

haverá sempre a minha sombra que vagueia
sem caminho definido ou rota
apenas com uma frota...
de sonhos naufragados em direcção à costa

e pelos lados de nenhures
me encontro algures
sem sensação de tempo ou espaço
tendo a saudade no regaço

não sei que o que sei se perdeu
o que existe perder-se-á
e o que um dia me valeu
foi saber que o futuro ao passado voltará

deusa

seguindo passos no devaneio do sorriso
relembrando os momentos quentes de uma ideia
percorre o seu destino indistinto como o grito
tão palpável e utopicamente como uma Deia,
seguindo segundos sentidos
perdidos, utópicos e irascíveis
definhando em sonhos aprazíveis
pelo poder de os tornar pó
de modo a terem dó
de quem mais não tem que o poder
para tudo desfazer...
em pena e preconceito
tal qual a sociedade
que em tamanha saudade
se perde na veleidade
de um momento...lento,
de crepúsculo e ...
e vazio emocional e perdido
sem nada, de tudo despido

estrela

segue indiferente e compassado
prosseguindo o seu passado
evitando o seu futuro
tendo no horizonte o Arcturo,
e com uma lufada de nada
o ar fresco corre, e percorre a estrada,
o céu, essa estrada estrelar
cheia de história a tilintar
e memória a sibilar
e ... um sussurro...quente,
silencioso mas expressivo
e como que relativamente... ausente
expansivo e coercivo
independentemente do quão presente
se sinta no seu caminho
entre o nada e o coisa alguma
onde nem nada nem nenhuma
ideia ou desconfortável memória
poderão desviar-lhe a trajectória
decorada, pela história da memória

pessoa

passeando na Lisboa de Pessoa
na mesma que o viu chegar, e errar
onde seu paço destoa
de uma estória a narrar,
viu em seus versos dissertar,
essa Lisboa mundana,
devassa e acesa,
de candeias às avessas
com humanidade sentida
de um quase eremita
triste, despojado, prostrado,
dependendo de um raio que urge
que ilumine a vida que surge
e resvale no padecer de um sorriso
arisco, impreciso, flutuante
perdido por trás dum abrasante...
rutilar, cintilar, rejubilar,
penetrante e desconcertante
quente, lânguido, sensual
lúbrico e lascivo desejo de...
VIVER
sem pontuação de qualquer forma
apenas isso, na sua própria simplicidade
de um dia lugar, aldeia, vila ou cidade
tomar o gosto da música que torna
a encher os ouvidos de veleidade
com uma pitada de seriedade
descendo a encosta ou ladeira
a ouvir o pregão de uma peixeira

untitled

no mater if your senses trick you,
open your eyes and feel what you see,
cause what you feel, will prevail to...
to you and me

a single feeling of unsenseness
an indescribable word describes
an immense feeling of useless...
perfection that arrives

and in the beginning of an era
eyes and ears become sensitive to,
to what? you may think
to what may male you sink

nothing prevails, and anything could
tear you apart, again
or never or ever been
as long as it’s said
or nothing can make you sad
because you’re long... dead

improviso

não estou a pensar, estou a improvisar
apesar de nada saber sobre ti
sei algo que talvez desconheças
algo que nem eu descobri
mas que pode ajudar a que te conheças.
não que faça sentido ou seja
nada que faça sentido
e ao longe contido
esse teu sentimento
perto do firmamento
não deixa senão a volúpia
de um momento
perdido num tempo
de angústia

basta

basta de sofrer
sofrer por nada
não existe tal ser
a não ser
numa mente apaixonada

quero sorrir
quero voltar a ser eu
quero dormir
sem sonhar que sou teu

preciso que me libertes
pois não me consigo libertar
preciso que me apertes
para depois poder voar

quero... preciso... vou
ter força de vontade
pois amo o que se sonhou
com toda a sinceridade

folha

uma folha em branco
uma página torcida
uma letra escrita num banco
no banco da minha vida

sento-me nesse banco
onde tu me fazias ...bem
fazias-me feliz, tanto
na inocência do nunca que vem
do sempre, do tudo
do nada que não acaba.

sinto que esse nada era tudo
era o nosso mundo
a nossa vida
a nossa directriz
a nossa caminhada
a nossa demanda
a nossa encruzilhada

e chegados a esse ponto
o ponto sem retorno
voltaste, foste, sem estorno
de volta ao ponto de partida
sem nada que fizesse sorrir
a não ser a alegria de por um instante
te ver... mesmo que a ir

Cármen


Apaixonei-me por um sonho,
Perdi-me num ideal,
Imaginei o rosto, risonho
De uma face sem igual.

Inspira-me tamanha beleza
Num sonho à luz do dia,
Acordei na certeza
De seres uma musa... uma amiga.

Em tal devaneio
A minha mente se distorce,
Para o mundo alheio,
Talvez um dia volte.

Esta saudade mata-me,
E a caneta desliza,
A vontade inspira-me,
Como uma suave brisa.

Sei que são singelos
e também pobres
mas estes versos
têm sentimentos nobres

pessoa

nada resta para sentir
desde que da minha vida partiste
por vezes, um vislumbre me permites
noutros, o vazio não me deixa fluir

e em silêncio me deito
pois para ti, as palavras parecem-me vãs
queria dizer-te tanto no teu leito
mas não tenho as ideias sãs

as a portuguese poet said in his last few words
"I know not what tomorrow will bring"
so I hope tomorrow brings me you
and if you won't come, I hope that tomorrow
never comes, so I can dream on it.
I feel that is never-ending what unites us
so I pray it lasts and grows

clearly I see through you
is so awkward, because I never see you
and I don’t think I ever will
so I’ll rest until...
until something,
somehow, somewhere, someway,
takes me away, and let me stay
laying around a rose garden
where roses grow
letting my feeling flow

explicação


e enquanto espero, vagueio
não desespero, mas anseio
anseio o que não posso ter
e o que tenho, vejo desaparecer

nem percebo o (por)que escrevo
é simples escrever, mas confuso explicar
não vejo a hora em que como servo
tuas lágrimas vá beijar

sinto que por entre dedos
as emoções se esvaem
não se perdem nos medos
mas perdem-se com ... nada, apenas saem

e o entardecer mata-me na ânsia
de querer ter-te no meu aconchego
sinto-me como na infância
uma criança, com um segredo

NADA

algo falhou atrás
nada como voltar e emendar
o tempo já passou. não dá!
espero ter tempo para remediar

estou cansado da letra, palavra...
...triste e vã, conjugada
como a cabeça que divaga
na sensaboria de ... NADA

e a viagem assim prossegue
e o caminho se segue
e assim se faz o caminho
caminhando, sem destino

nem sei o que acabo de escrever
mas para que pensar nisso?
fico menos mal se não remoer
e seguir um qualquer passadiço

ar

uma explosão de sentir
tocar, inspirar, contemplar
mas não abrindo os olhos
com medo de ao olhar, acordar

e na viagem dos sentidos
num uníssono espiritual
os nossos corpos revestidos
comungam da união para além carnal

e nesta comunhão ardente
que por um momento é quase obsessiva
num outro, resplandecente
como o sol de um novo dia

nada me fará esquecer-te
mas quem és tu?
Queria surpreender-te
mas não sei para onde vou

nada


nada que ouvir
nada que aprender
nada para evoluir
nada para aprender

nada que sentir
nada que provar
nada para onde ir
nada para onde ficar

nada que suspirar
na contemplação do olfacto
nada que tocar
na emoção desmedida do tacto

e com apenas um toque
todo o corpo (co)responde
na volúpia do retoque
todo o eu explode

nobre

sinto-me como um pobre
que vagueia num passeio de ouro,
não como um rico que corre
na grande cidade por entre um morro

no meio de tanta abundância,
algo falta e urge
não é ganância, mas sim a ânsia
de esperar o que não surge

e nas memórias do tempo
que outrora regozijaste
fico impaciente e tento
preencher o vazio que deixaste

e quanto mais passos dou
ao avançar mais me atraso
sinto que mais longe estou
de sentir o teu abraço

manhã


nesta manha chuvosa
os meus sonhos devaneiam
por entre pintura e prosa.
penso por onde vagueiam
os sonhos que se unem à realidade
de estares longe..com saudade

...e nesta ânsia de te ver
o sangue corre mais lento
sinto a saudade a crescer
e aumenta o desalento.
quando te vir voltar
a saudade amenizará
vou sonhar que já cá estás.

pertença

nada mais me prende aqui
nada me impede de fugir
quero apenas reviver o que senti
e voltar de novo a sorrir

nada de novo me traz
este alegre silêncio
que no ruído da paz
me faz sentir obsoleto

de nada vale a circunstância
que nos permite crescer
se não aceitarmos na ignorância
como é bom viver

e sem nada a acrescentar
me despeço, em vão
obrigado por existir por quem acreditar
e no final que nos levantemos do chão

onomatopeia

não sei que dizer ou como agir
falta-me a arte e o saber
sei que me fazes sentir
o que sinto sem dizer

e sem nada mais que dizer
sem que algo faça sentido
resta-me agradecer
por não mais me sentir perdido

uma onomatopeia ziguezagueando
como numa antítese contraditória
que nos conta, soluçando
a sua triste história

no meio da tristeza irrompe um raio
de luz, alegria e cor,
sem que o percebam, eu saio
e vou desprender-me da dor

zzzzzzzzzzz

zzzzzzzzzzz
uma onomatopeia
sem senso ou sentido
que apanha desprevenido
o modesto ser,
suprimido sem saber
ao som de uma flauta mágica
que toca uma música trágica
à noite, e até ao amanhecer.
e sem que nada o preceda
nem som, nem luz, nem vereda
como que num instante interminável
chega ao fim a história afável
desta canção inimaginável.
e sem que se desconfie
e num som inaudível,
acorda o ser submerso,
à superfície
que nem sonha, ri ou escarnece
acorda a vida que há em mim
e todo o meu mundo estremece.
esse frágil ser em comunhão
acorda e sente então
compassado como um pelotão
a terno sorriso que há em mim
que sem nada saber, me apaixono
por esse sonho que acorda
e acorda em mim
o eu escondido
há muito perdido.

avô


que males da vida poderemos suportar
se aqueles que mais amamos
não sabem que para lutar
precisamos de os ter por onde vagueamos

sem nada mais que nos faça mover
nem sol, nem lua, nem chuva,
nem aquela doce sorriso de comover
penso em ti, que me serves como uma luva

esta rima pobre e pequenina
que mais não é que uma ode
pensa em ti desde menina
como quem não esquece quem sofre

e de nada me vale sofrer
pois na volta vou sorrir
em meus braços vais recolher
e no teu peito, vou dormir
neste local onde nada acontece
sem nada por que desejar
sem nada por que rir
sem nada por que chorar

uma brisa que circula
vinda do outro lado do mundo
alegra quem há muito calcula
que aquele local, está moribundo

sem razão, senso ou certeza
o que mais há a dizer
de uma jovem princesa
que a meu braços veio ter?

sem que nada o suspeitasse
dei por mim a sorrir
e a inspiração do meu avô
a mim, veio cair

...


… e no meio de nada
perdido em coisa nenhuma
sinto o vazio como se uma espada
me trespassasse e a vida perfuma

e na imensidão da vida
eternos são breves segundos,
seguro-a com a mão erguida
sem lamentos mas com murmúrios

estes murmúrios breves
que mais não são que uma prece,
esperam que a teu coração sejam entregues
antes que na solidão…
(suspiro)
…na imensidão…
fique perdido!

desconsolo

cansado da vida
ou talvez não
desencontrado em desconsolo
fora de controlo
riso fácil
piada rápida.
sinto falta do papel
onde as emoções se descontrolam
no enrolar de letras, palavras,
frases, emoções que se arrolam
na fantástica e displicente
realidade.
insuportável crueldade
de incontrolável fragilidade
associando o desconsolo
ao assolo da alma
que num rasgo de lucidez
desfaz o que a vida fez
e no ónus da vida
perde a emoção sentida
sentindo-se... perdida

naaa

no time to spend doing that
and you think "what?"
I don't care what you think
because you almost made me sink

na imensidão de um desejo
no calor de uma fogueira
no ruído de um latejo
na calma da tua maneira
vejo a luz da penumbra
oiço o silêncio do ruído
sinto o pavor que me assombra
quando me fazes sentir perdido

o desalento desta necessidade
periódica e rotineira
em nada se compara à verdade
da minha sobremaneira

na realidade... o que é real?
tudo é displicente e cruel
o estranho é que o surreal
é doce como mel

unsensless

nothing in this world seems real
happiness is a thousand miles away my nest
I wish to be a bird to feel
the breeze down in my chest

an illusion of my head
annoys the deepest me
no-one ever said
this is your destiny

eu tenho com cada pancada
e o estranho é que me reinvento
cada vez que "me" leio
e me compreendo, de formas diferentes

in this never-ending way
sometimes, we find an end and stay
we're deviated from what we say
differently from what we pray

unknown

I feel happiness as I breath
I feel joy as I love
I feel it beneath
the skies above

A soap bubble tells a story
that no-one has ever eared
It's written in a blurred blink of an eyelash
and I can't tell a word

I feel an ever ending sadness
and at the same time, so much joy
You make me feel a kid
who has received a new toy

you're a bless from a prayer
that a child has asked
you fulfill me like a layer
and I feel so blessed.
you're so volatile

will

I want to talk to you
and I want to see you smile
I want to see you happy
and I want to ear you cry

I want you as you are
with no fear or apprehension
I want you close, not far
I also need your comprehension

I feel a weakness in my heart
but it makes me strong
If being wrong feels this right
I'm so glad to be wrong

I can make mistakes,
but I'll grow as you'll see
I'll always try to reach you
with you near to me

end

this night is never-ending
because you're not here
the moon ears the sun is whispering
bring me another beer ;)

this night is never-ending
because you're not here
I wish you could be here, standing
and whispering to my ear

as the night falls
we can go on to fly
we would share emotions
and reach to the sky

if the sky is the limit
take me by the hand
I would take you by the heart
and make you dream again

why?

why do I cry
if my tears don't fall
I try to walk, swim or fly
but I just can crawl

why can't I touch you
if you are so near
the shadow makes me blue
but I have no fear

the limit is wide gone
the mist fades away
come here, come home
please come, and stay

distance it's physical
psychological is the mountain we have to climb
between us there's a logical
union of our hearts and mind

pray

I'm sending a pray
to the skies above
may come and stay
tenderly, like a dove

If I could, I would
go there to see you
take you out for a walk
sit a while, and talk.

I don't regret my past
and I'm aware of my future
could I travel so fast
to a dream so pure

I feel this dream is never-ending
and your kind words don't come
I just can go on pretending
that you're here... at my home

and when the night comes
and a bittersweet feeling arrives
it's your words that burn
deep in my heart

escrever

quero escrever
apetece-me, preciso
faz(es)-me falta.
quero chegar a ti,
mas as palavras escasseiam
urgem e vagueiam.
de nada me vale esconder
detrás de uma cortina
de fumo ou mesmo pano
ao som de um piano
compassado e ritmado
bucólico e desafinado
com uma mística ardente
que não me deixa indiferente
e, espero, que a ti também não
e que te toque o coração
como o sorriso de uma criança
que brinca com uma bola de sabão
e enche o coração de comoção
e liberta o desejo,
desperta o ensejo
onde numa ideia mestra
a penumbra se dilata
irrompida pelo sol
que desperta no horizonte
beijando o mar... ao longe
como uma mãe a uma criança
pequena, frágil, desprotegida,
contudo, cheia de vida.
devaneio meu para atingir
o coração... teu

tri

Desinspiradamente apaixonado!
Porquê? Não o sei.
Para quê estar acordado?
O que quero está além...
do sonho, do arco-íris
de Oz, ou mesmo de mim.

Em passos breves e concisos,
rápido em direcção ao nada,
ao zero dos submissos,
numa empolgante cruzada
ao encontro de um vazio
onde o silêncio impera,
num qualquer baldio
onde as forças tempera.

se eu fosse
aquilo que não sou
seria o que mais te pudesse tocar
no coração, no cabelo, na pele,
na alma...
seria o que mais desejasses
e o que menos precisasses
para que de mim nunca dependesses
e que te prendesses
apenas por amor, paixão, e quem sabe
saudade...
não de mim mas da vontade
que a minha lembrança te deixasse
e o sorriso da tua face...

a flor desta planta

Queria dedicar-te uma ode
tamanha quanto a tua presença,
não o quanto outrora foi
mas o que ainda é.
Não é por teres feito parte do meu passado
que morreste no meu presente
ou serás esquecida no meu futuro.
Por mais caminhos que a encruzilhada me traga
sei que posso sempre passar num onde estejas
e mesmo que não saiba onde estás
sei que sabes onde estou.
Sei que nem tudo corre como queremos
pois se querer fosse poder
eu não estaria aqui
nem tu aí.
Qual a razão de ser deste ser?
As pessoas passam pela nossa vida
na altura exacta
no momento ideal
e se nos deixam... por vezes é fatal.
Não por falta ou excesso de amor
mas por falta da lembrança e do clamor
que outrora vivido não mais será esquecido.
Mais um devaneio da minha mente
que mais não faz que confundir-se
como que um alga pronta a sumir-se
por onde a maré me levar
até ao horizonte chegar
e ver o arco-íris no fundo
e cair sem ver o chão
como se fosse um turbilhão.

Luz

7 minutos e 10 segundos de paz
ideias que divagam numa mente
demente!?
Talvez, mas aproveitar a vida
é pecado? Loucura? Demência?
Viver a vida com a preocupação
de viver cada segundo...
a seguir a outro
o futuro é pobre
comparado com o que seria se
não nos tivéssemos preocupado tanto com ele.
Para quê criarmos expectativas
sobre o que poderá ser
se podemos mudar todas as prioridades
por apenas algo pequeno
mais pequeno um grão de areia
tão pequeno como o que nos separa.
O nada pode ser tão vasto
e o futuro pode ser tão gasto
pelo passado que se evaporou
pelo presente que nos cativou
e por ti... que fazes de mim
uma alma... com sonhos
com devaneios, com crenças,
com vontade, com sensatez,
com loucura, perdida
nunca encontrada na paixão
de uma vida dormida
na latência da demência
e no seio de um sonho
risonho e belo
que me transporta e eleva
para além da névoa
que nos leva
para a paragem final
de mais um viagem
sem bilhete
sem início nem chegada
apenas com nada numa mão
e outra com coisa nenhuma
e a passagem pela bruma.

reacção

Qual será o ponto de vista
no qual depositamos nada
a não ser a convicção de uma vida
e a vontade criar.
Estou a escrever assim
coisas sem sentido
e enquanto escrevo
algo se liberta em mim
e de repente
tudo faz sentido...
ou não!
As palavras flúem num compasso
descompassado e disforme
mas apenas dando um passo
traça uma linha uniforme.
Qual o sentido de uma letra?
de uma palavra? de uma frase?
de um texto? de uma canção?
de uma ode? de um canto?
de um qualquer modo de comunicação?
Não sei, nada faz sentido
mas nesta insensatez de sentidos
onde o tacto é sobreposto pela vontade
e onde o cérebro apenas reage
a algo superior que não entendo
e que no fundo, faz sentido
e sou eu... no infinito.

até

liberta-te
passeia
sorri
vai a algum lado diferente
respira fundo
ouve uma canção
puxa uma recordação
chora, e sorri novamente
pois o mundo também te sorri
mas de uma forma subtil
pura e magnânime
como o sorriso de uma criança
a quem deram um presente
cheio de esperança
e só nesse gesto
por pequeno que seja,
ou meramente simbólico
deixa de ser bucólico
o momento...
ouves o som do silêncio
e existe uma compreensão
pura de cumplicidade
onde nem a idade
separa os dois amantes
como pedras de diamantes
que embora pedras também
têm o valor atribuído
por uma sociedade marginal
onde o bem não vigora
e sucumbe perante o ritual
que não é um mal
mas no fundo será
algo constantemente inconstante
como a demência de uma ideia
que foge e não se apanha
dentro de uma bola de sabão
em que uma criança depositou um sonho
sem que soubesse que
o sonho comandaria a sua vida
de uma forma pura...
até ao dia...!

sem título


para quê sonhar com o destino
se o destino está sendo ferido
temos o instinto felino
de matar o que nos tem servido

neste estado de latência
parece que estou em coma
que miséria de existência
nem consigo estar à tona

que coisa mais triste
ter um amigo e de nada lhe valer
ele estar à beira do abismo
e nós na poltrona a ver...

Toda esta displicência perante a vida, pois começa a (re)aparecer o sentimento de impotência perante algumas situações que nos passam ao lado, e só sabemos depois das coisas acontecerem.
mudar o futuro será possível, agora o passado...!

não sinto

não sinto senão tristeza
no momento em que penso
de pensar que sem firmeza
não saímos desta vida com senso

na penumbra do nada
na escuridão da luz
oiço a morte anunciada
e o som que produz

para quê sonhar com a vida
se não sairemos vivos dela?
mesmo que toda partida
senti-la-emos sempre bela

por mais triste que pareça
há sempre algo que nos aqueça
esperando que compadeça
mais uma gota de esperança

sonho

para quê sonhar, se no fundo
tudo o que fazemos mais não vale
que pôr o mundo
sob um pedestal

desse pedestal pode cair...
desfazer-se e esmigalhar
partir-se em cacos
e não se poder colar

a fragilidade da vida
tão preciosa e sublime
parece que coibida
ao encontro do destino

no fim nada prevalece
e mesmo quando não estamos no fim
pensamos se envelhece
o que nos deu a vida em si

sense

sometimes, hope’s gone
nothing seems to prevail
no one can sense the one
the one that enslaves

let me die on my own terms
although I come and fade apart
let me live as I learn
before you come and break my heart

órfão

um vórtice apanha tudo o que pode
deixa apenas um vasto nada e mal
escapo quase ileso enquanto tudo explode
e nem me mexo, esperando que me seja fatal

olho, vejo, paro, caio, desisto,
existo, levanto-me, corro, cego,
experiencío, constato, sinto, vivo,
morro, ressuscito e berro

não estou aqui
não estou em mim
sou um pedaço de nada
sou um pedaço de uma lembrança
alguém me esqueceu
não se lembra, que um dia... foi “eu”

mudo e consolo-me dizendo que foi para melhor
consciente de que é um mecanismo de defesa do ego
quero acreditar que nesta mudança com muito ardor
nasci, cresci e ainda não morri ...

sentidos

consegues ouvir-me enquanto falas?
consegues ver-me quando me olhas?
consegues acreditar porque eu acredito?
consegues pensar em mim, sem esperar nada em troca?
consegues sentir o que sinto?
consegues ver-me dormir sem me acordar?
consegues ver um filme sem pensar em mim?
consegues desfrutar de um prazer sem o partilhares comigo?
consegues fazer-me algo sem que esperar retorno?
consegues estar comigo sem estar com todos os outros?
conseguirei deixar de ser ingénuo?

na verdade da mentira apenas entendo
que o meu coração está certo
na mentira da verdade apenas compreendo
que o meu coração está um deserto

na frágil leveza da simplicidade
conquistaste o meu forte
invadiste-o e destruíste a cidade
... que tristeza de sorte

desisto

Desisto...
não de nós...
não de mim...
não de ti...
não desisto de nada
pois já desisti

eu!?


já nem entendo a minha letra
estranho este vislumbre
muito estranho mesmo
tão estranho que nem sei o que vejo
estranho e belo o que prevejo
mas não é nada do que almejo

preciso de ti, mas mais ainda
preciso de mim, preciso de nós
preciso de algo a que me agarre
preciso de uma razão com voz
preciso de entrar e não ficar à porta
sentado...ou mesmo em pé
a cogitar os quês e porquês
de ter (ainda) tanta fé

acredito na minha força... de vontade
resisti a ti, mas cedo me dei por vencido
acordei para esta vida com muita saudade
de viver e provar o sumo do desconhecido

não sei o que mais me assusta
o enfrentar o horizonte...desconhecido
o enfrentar a estrada, onde todos os dias passo
ou não fazer nada... como normalmente faço.

incoerência

retribuir é sempre simpático
mas a forma como se retribui
em tudo afecta quem espera
por um momento onde a fortaleza rui.
o mar ganha vida e o vento sopra
os moinhos vivem em sinal de paz
deixando Dom Quixote impaciente e louco.
eu sou louco e audaz
espero encontrar tal fortaleza
para que num momento perdido no tempo
essa fortaleza caia a teus pés
e acabe este tormento

pacientemente, vejo um bebé a tentar andar
sinto a sua força de vontade no ar
está a ser bem sucedido na sua demanda
mal dou por mim vejo o frágil ser... já anda!

faltam palavras para exaltar e insultar
exaltar a beleza que (me) comove
insultar a promiscuidade que se promove
e letras para vincar e exacerbar

fugindo de ti, fujo de mim
mas sempre que me tento aproximar
foges como se nada se estivesse a passar
e nem consigo comover-te... com palavras de cetim

o azul da tinta

o azul da tinta
a expressão da escrita
o querer transmitir a todos
o querer poder fazer tudo bem
o poder de tentar
a coragem de falhar
a modéstia de voltar
a hombridade de desculpar
a humanidade de perdoar
o azul da tinta
as “pinceladas” frescas de um artista
um pincel sobre um paleta
um risco verde na tela
um esboço, um sorriso
uma moldura sem ostentação
um carinho que vem do fundo do coração
o azul da tinta...
descreve tudo e nada a imita...
tão bem como o azul da tinta

esta textura tão própria do papel
nada comparável com a textura da tua pele.
apenas por tentar ser um pouco mais para alguém,
sabes que podes conhecer o sabor do fel?

nada em ti me exalta,
mas já foi diferente... para mim
para ti não passo de mais um, dois, tantos
para mim, és o que me falta

volta

provaremos ser campeões
independentemente das idades
nascemos com coragem de leões
conquistaremos cidades
e morreremos, nos braço de Dalilas
e com a ingenuidade de Sansões.

nada faz sentido sem Ti
sem a tua aura protectora
sem a tua força para me preencher
sem a tua face desertora

nos dias em que mais damos
é quando menos queremos em troca
nos dias em que precisamos...
... fazes-me falta, volta.

o valor da minha expressão
resumidamente é nada
a ternura modesta da inspiração
não é musa, nem fada
é qualquer algo de pacificação
que exprime a raiva em palavras
e parte, libertando o coração

foi

o que foi já passou,
não volta, dizem alguns
quem já passou é que sabe
sabe que são momentos...
indescritíveis e incomensuráveis
recordamos, quer queiramos
quer não.
há momentos em que rimos e celebramos
outros choramos e desgastamos o coração

no calor da vitória, há o frio da derrota.
mesmo quem ganha, perde
será que o que fazemos está correcto?
é isto mesmo que sentimos?
o que estou a fazer?
acredito, venço
vacilo, padeço

lá longe o tempo muda
o horizonte desaparece
será a caminhada mais longa?
a tormenta que se delonga?
a vontade que vacila?
o querer que escapa?
a força que desanima?
mas mesmo contra as adversidades

palavras

as palavras flúem numa imensidão
a esperança de acreditar aumenta
mas no fim, apenas escuridão
e o coração rebenta

nada pelo que lutar ou mesmo morrer
não existem donzelas e cavaleiros
só a vontade de mostrar fama e poder
sendo carrascos dos momentos verdadeiros

as imagens perduram, mudam os locais e sentimentos
as verdades dos momentos são adulteradas
uma, e outra violação dos momentos de sofrimento
trazem à razão a lembrança das chagas

depois da tempestade vem a bonança
ou será tormenta?
nada do que pense ou faça atenta
contra esta (bem/mal)dita lembrança

chakra

depression brings your aura down
the chakras don’t flow anymore
the mind is swallowed by emptiness
the body brakes with supreme sadness

wonderland

nothing ever really changes
no one ever wants it deeply
but in a short range
change is the ultimate destiny

everyone is changing
everything is changing
everything is revolving
everyone is evolving

this bitter sweet feeling
annoys the deepest me
this pain is killing
and I’m so blind that I don’t see

the soul flows through the 4th dimension
space and time in a perfect fusion
the elements transform ambiguously
the forms are shaped in harmony

shadow

in a shadow clumsy world
the clouds surround the hills
no one says a word
the voices are quieted by pills

no voice, no movement, no soul
no one understands why
everyone’s there
no one’s passing us by

everybody’s in that spot
no one can see the others
in heaven, everything’s damn hot
in hell, no one bothers

in joy and sorrow
pain has her tribute
the price is so low
and us she pursuit
a nightingale sings so hopefully
a beautiful enchanted song
for more he sings its hopelessly
because he is long…gone

a fractal explodes and expands
a new world is in creation
the mind revolves and demands
this new world domination

a tender embrace fulfil some needs
a passionate kiss refills the joy
a gentle smile our mind feeds
a luscious regard kills a boy

no one ever tells the whole truth
no one ever says everything
everyone says mindless thoughts
everyone says anything

negation

nowhere to run
nowhere to go
nowhere to stay
nowhere to pray
nowhere to fly
nowhere to die

I wish some moments last forever
others…they may fly away
and never return…(n)ever…
please come back and stay

in a mindless vacuum spot
things are not what they seem
ice is burning hot
unpleasant is so keen

a spot of light at the end
may seem the end is not so near
the beginning was where you bend
the end is where you show no fear
my head is tired and heavy
my eyebrows are falling deeply…asleep
my movements are so sleazy
and the edge is so deep

let me fly and fall
let me swim and drown
let me sleep and never awake
let me crack till I break

a mindless regret tells
things you shouldn’t (yet) know
but when you discover hell
it’s better to run…slow

in a twisted shadowed world
where faces are seen distorted
indescribable in a simple or complex word
I see the unseen so revolved

flashed

I just had a flash of a vision
not pleasant or ugly or cynical
just a vision of conviction
DEAD… critical situation? No, just clinical!

I feel I’m at the edge of the cliff
I don’t understand this situation
but what if…?
would it be my salvation!?

in a sudden glimpse
a shadow of a pale face
covers the sun like an eclipse
and surrounds me with a tender embrace

your world reveals itself…alone
drying every single water drop
emerging in the mist a huge stone
it will consume you if you don’t stop
as I softly reach your hand
earring your heart… beating slowly
I feel emotionally sad
because your heart doesn’t beat for me

if a change would do me good
I promise I wont be much of a bother
your advice will be my food
your embrace will be my water

anxiety grows, but not in my heart
it grows and spreads ambiguously
and it consumes all my soul
I feel lurking and falling deeply


I need something to fulfill me
fulfill my stupid need of (just) being
what needs do I have that I can’t see?
just let me drown on my river of tears
no questions, no apologies
all you do is hurt me
I can’t leave in this misery
stop throwing your shits at me

stop killing me softly
stop your fake way
stop killing me slowly
just stop and go away

can’t feel my soul
can’t sense my mortality
can’t believe the goal
I’m supposed to achieve

believe what you want to
believe in your own truth
you broke me up in two
your lies made me blue
I just want to fade away
and have faith awake
it’s like a contradiction
but (my) life is an audition

always try to give the best
now I must stop and rest
not rest in peace but chill
maybe then I get the top of the hill

lets take a deep breath
and get victorious up there
then I’d know the reason
for me to keep breathing

must I work that hard
looks like I’m a retard
looks like a battle that I can’t win
and in the end, looks like a sin
I’m crumbling like a tear
trying to show no fear
fighting like crazy
to show you’re my lady

don’t feel like going outside
don’t feel like going to the eastside
if you’re here I would
and make you feel like you should

don’t want to go out
don’t want to stay in
stop the world right now
and let me in

not even one more word
I’m on the sprout
stop the world
and let me go out
se sentires que o mundo está a mais
talvez estejas a mais no mundo
nada que faças é demais
e sabe-lo, lá no fundo

se tiveres a oportunidade, aproveita-a
nada te diminui por tomares a decisão
se os outros dizem “deixa-a”
segue a tua razão

as coisas que pensas soam-te irreais
talvez sejam geniais
não tenhas medo de tentar
pois só quem não tenta é que nunca há-de errar

don’t have much to say
stay close to me and whisper
say something to light my day
say it close to my ear
try to understand and keep awake
wake up and smell the coffee
I don’t want you to be like me
I want you to be what you want to be

grab a bottle and drink it
take your time
don’t go to fast… or to slow
when the other comes, that one goes

if you’re running away from the past
step on it and ride fast
don’t ever look to what you left behind
that might catch you and hold you tight

no one can ever take your spot
but someone may replace it
if you think I’m wrong
come and take a look at it
don’t want to feel a creep
just want to lie down and sleep
dream with my one an only
and wake up not so lonely

if words could kill
if they came from you
they probably will
and send me to doom

if you feel like you’re hot
take everything you got
take care and find the world
and spread the word

simple words hurt the most
vain words hurt double
don’t get lost
keep away of trouble
the wind is blowing a whisper
and it’s whispering to you now
the words are simple
“just tell me how”

no teu peito sinto a nostalgia
no teu abraço a emoção
no teu beijo a magia
no teu olhar a paixão

se um dia a sós nos encontrarmos
provavelmente não saberei que (te) dizer
talvez consiga se falarmos
o que há tanto almejo fazer

na noite em que te descobri
tudo em mim se revelou
o amor vindo de ti
mostrou-me que sem ti nada sou
in the twisted shadow of faith
where once I felt suddenly
I relay my own fate
and wait for it to vanish...slowly

as I clumsy persute my path
narrows block my sight
maybe I must seek some shelter
so I can avoid the night

your presence fulfill my dreams
your enchant makes me wonder
your lips fulfill my needs
your kiss blows like a thunder

if only I could for a moment
I meant it, I trully do
I wish I could whisper
I TRULLY LOVE YOU
tears may fall down my face
although I regret some and turn away
others are just simply refreshing
and give strength to go my way

although I fade, I don’t regret
I’ve fallen in love and I thank you
you showed me trust and respect
and I love you, I trully do

I’m not here, not gone
the myst is at sight
I’m fading away in the dark
Although I seek the light

the neverending is near
I travel at the speed of light
I seek the doom with no fear
as weak as I might
por um pequeno momento perdido
fugi de uma qualquer ideia inocente
senti-me livre… despreocupado e desprendido
que me tocou no coração carente

sempre que estou perto de ti me sinto louco
meu coração se deleita, minha alma te deseja
ter-te em mim…só mais um pouco
sofro, vivo, sou feliz…que assim seja

tuas lágrimas minhas serão
meus sorrisos serão para sempre teus
fecha os olhos e abre o coração
e sente a ternura de um beijo meu

queria estar a sós contigo
dizer-te o que nunca te direi
fazer-te o que nunca te farei
amar-te como nunca te amei
há que levantar o moral
nesta altura tão conturbada
isto não é um conto de fadas
mas é melhor que nada

pleasant dreams and sleep tight
I’m going down to bed
try to stay into the light
before I blow my head

amanhã será um novo amanhecer
o mundo irá acordar e rejubilar
o sol radiante e a resplandecer

magoou-me a ideia de algo já passado
ideia essa que já lá vai, foi
nada com peso e/ou significado
mas como assim veio, assim se foi
sei que penso muito em ti
não caio na tentação e na asneira
de dizer… pensar, que te esqueci

um amor apenas se esquece com outro maior
foste o maior de todos, a ti o confesso
graças a essa força me tornei numa pessoa melhor
por tudo o que me fizeste sentir te agradeço

nestes momentos soturnos de (dês)inspiração
tudo passa lentamente na minha cabeça
tudo desfocado e num imenso turbilhão
vou descansar, antes que desfaleça

vou reconsiderar toda esta displicência
pois enfrentar o mundo é preciso
ter coragem e paciência
sempre com um sorriso
Got to go away
Mustn’t think anymore, in anyone
Got to find my own way
Don’t want to do it alone

será pedir demais um pouco de estabilidade
saber que ao acordar alguém está perto… ainda que longe
querer para mim apenas um pouco de felicidade
não quero sentir-me só, como um monge

este pessimismo exacerbado e enfraquecedor
escondido numas linhas de um qualquer papel
em vã tentativa de aliviar a dor
que não sara, e tem sabor pior que fel

conseguirei encontrar quem te substitua?
claro que não, apenas por agora
quero alguém que me complete e construa
nessa altura, terá chegado a tua hora
nestes tempos conturbados
onde o profano elitiza
gostava de saber dos fados
e de quem os preconiza

o belo torna-se fútil
o feio já não existe
tanta hipocrisia… nada de útil
mas o mundo ainda (lhe) resiste

All the tears that I’ve cried
At the silent lonely moments…
I wish they go their way
I just hope I died
So I could fade away

If a look could kill
I’ll certainly not be here
Sitting around at this hill
Earring you whisper at my ear

romper

quero mudar, ser feliz
quero ser o tempo sem fim
quero controlar o tempo
e não que o tempo me controle a mim

e se eu enlouquecer?
verei chegar o fim?
como será o amanhecer?
o que será de mim?

nestes dias vãos e pessimistas
onde o tempo é rei e senhor
quero pensamentos optimistas
deixar de sentir (esta) dor

quero sonhar acordado
quero voar se ter asas
quero romper com o passado
vou deixar-te onde estavas

leda

nesta triste manhã, melancólica,
muda, vazia, desprovida de senso,
depressiva, fria, confusa, bucólica,
penso em maneiras de matar o tempo

a partir daqui é sempre a subir
e o que não nos mata, fortalece-nos
dá-nos força, coragem, alegria
tudo é uma ilusão… parece-nos

viver não custa
custa é saber viver
sei o que quero
não o posso é ter

não quero voltar atrás no tempo
quero sempre como fui outrora
quero controlar o meu destino
quero fugir daqui p’ra fora

displicência


no meio de tanta incongruência
não sei que pensar
será loucura? paixão? demência?
não te preocupes… há-de passar

na vida tudo passa…
passaste tu por mim?
voltarás um dia?
por favor, diz que sim!!!

na vida tudo passa…
terás sido tal qual miragem?
terei passado por ti
sem guardar tua imagem?

no meio de tamanha incerteza
o longe torna-se perto
o perto torna-se longe
e eu fico no deserto

tocar

assim tocas meu coração
com palavras de afecto e paixão
num amor comovedor e de exasperação
assim me tocas no coração

sentir-te em mim, é sentir-me
sentir-me em ti, é sentir-te
sonhos, sonhos, apenas isso
desejo(s) louco(s) em tremendo reboliço

quem inventou os sentimentos
decerto não se apercebeu
que tanto me faria sofrer
quando teu coração levou o meu

tal qual a Fénix
também meu coração renascerá
das cinzas em que o transformaste
crescerá, fortalecer-se-á , e viverá

sombra

sentado na penumbra, na sombra
à beira desta janela vazia que me aquece
vazia no tempo, no conteúdo
espero pelo dia que amanhece

aquece-me pensar que um dia
à beira desta mesma janela, fria, mordaz
voltarás na tua imensa harmonia
e em meus braços me aquecerás

aquece-me sonhar com teu regresso
aquece-me tal ideia insana
sou louco… por amor o sou
enlouquece-me sonhar-te na minha cama

ideias, pensamentos, puros de desejo
desejosos de teus lábios, teu corpo, tua mão
sussurras-me baixinho:
“Conquistaste o meu coração”

fim do início


com este verso me despeço
cá te espero um dia ter
ter-te em meus braços
e ver-te adormecer…

pateta

decerto que me esforcei
e de nada me valeu
não saiu nem de perto (…nem de longe)
tão bonito como visto do céu

não sou poeta
desisto
sou um pateta
nem sei para que insisto

vou arranjar uma ocupação
pensar em ti 24horas por dia
desfaz-me o coração

sonho contigo
penso em ti
será que pensas em mim?

-te

tentar mais e mais
querer(-te) mais e mais
sonhar mais e mais
ter(-te) mais e mais

tudo em mim é teu
à excepção do que não me pertence
este amor que me consome
dá força e me vence

parece-me sempre faltar algo a dizer
e tudo o que diga é a mais
não sei que fazer

rendo-me na condição
de 1 dia saberes
onde encontrar o meu coração

razão

cenas vividas para além da razão
a razão então não se aplica
aplica-se o sentir
de quem ouve o coração

ouvir, sentir, ver,
querer amor
sublime sensação essa
que nos leva em dissabor

amor, com seu sabor a mel
por vezes sabe a pouco
outras sabe a fel

mas, sempre que sabe a algo
o coração espevita
dá 1 salto e acredita

linhas

quer-me parecer que não tenho futuro
nas andanças do escrever
manter-se-ão anónimas estas linhas
no coração de quem as ler

parece-me que estas linhas trazem algo
algum sentimento
e por mais que tente
não o compreendo

sinto o sentimento
mas não a razão
sinto apenas

sinto o sofrimento
sinto o fogo e paixão
sinto as cenas

soneto

queria dedicar-te um soneto
daqueles que não sei fazer
gostava que saísse bonito
embora não me queira parecer

tentarei que saia uma ode
tamanha quanto a tua presença
que me alumia o coração
nestas horas de inexistência

primeiro duas quadras
seguidas de dois tercetos
agora faltam-me ideias ideais

temos o mote, tu
temos quase sonetos
nada de geniais

letargia

se pretendes que espere
é isso que farei
diz-me no entanto se me amas
pois eu te amei, amo e amarei...

não vou finalizar estes versos
singelos eles são
1 lágrima levam com eles
do rio que se me cresce no coração

lembras-te de 1 dedicatória vista do céu?
amo o livro,
a dedicatória,
e quem mo deu.

que melhor prenda se pode almejar
que uma dedicatória com amor
juntamente com um livro cheio de ternura
e dois meses de calor?

crescer

dá-te hipóteses de ser feliz
pois sabes que me esforço
por fazer-te o melhor que consigo
embora às vezes te saiba a pouco

não quero 1 vitória
quero 1 pessoa
quero-te a ti
que tal te soa?

amei-te 1 dia
2, 3, muitos dias
que tal te parece
amor da minha vida

o amor faz-me sentir pequeno
comparado com a tua vasta imensidão
mas também me sinto grande
para alcançar o teu coração

ilusão


quero amar e ser amado
como por vezes me mostraste ser possível
quero ter-te comigo...
talvez para sempre... se tal for possível

começo a perceber que o amor não está na cabeça
também não está só no coração
está no ar que respiro
e tu és a razão

o amor são os passarinhos a chilrear
são as crianças a brincar
são os velhinhos de mãos dadas
somos nós a namorar

Lennon disse:
"give peace a chance"
agora eu digo:
"dá-nos 1 chance".

mendicidade

sou como um mendigo
apenas peço um pouco de pão
dar-te-ei todavia
todo o meu coração

dar-to-ei como outrora o dei
sem ressalvas nem limites
apenas peço que compreendas
e que não me interdites

se antes estive longe, ausente
hoje tudo faço para estar no teu coração
ontem estive longe não por culpa
mas por não ter opção

sei que as prioridades nos condicionam
não quero novamente deixar-te triste
quero que sintas que 2 corações se amam
e que não vivem para estar em riste

tonto

versos soltos e tontos
perdidos na cabeça deste alguém
que só precisa de uma coisa
sentir que estás bem

não te sinto como outrora
tento achar-te mas não há meio
quero tocar teu coração
mas não lhe chego... está-me alheio

queria sentir, tocar,
aquecer o teu coração
queria dizer que te amo
com um beijo puro de extâse e paixão

palavras, leva-as o vento
mas é tudo o que tenho
para arrebatar teu coração
e sentir-te no meu peito

ruir

ver para além é privilégio
privilégio de poucos
não quero ser privilegiado
mas não quero dar em louco

louco já o sou, doido também
quero voltar ao antigamente
cair nos teus braços...
novamente

nem imaginas o quão doloroso é,
é o não mais poder sonhar
que te tenho em meus braços
e isso me faz chorar

queria ser-te especial
como outrora o fui
não queria que me recordasses
que até a fortaleza rui

quero

quero passear, mudar de ares,
conhecer novas pessoas e terras
quero ver o mundo
pelos olhos de uma criança
sorrir pelo desconhecido
redescobrir as lembranças
e conquistar o futuro
descobrir-me como criança

para quê estar com esta mágoa
mágoa esta que não sara
Sara, pois é... Sara
tudo aqui começa
tudo aqui acaba...

ver em frente
olhar mais adiante
quero sentir o meu coração
com força e confiante

outrora o fui...
hoje já pouco me resta
amanhã será melhor
basta ter 3 dedos de testa

mudança

e daí... talvez não
quero mudar por alguém
dar mais de mim a quem me mereça
e não encontro a quem...
por muito que padeça.

todos mudamos
por força das circunstâncias
quereremos nós mudar
a nossa substância?

porque teremos de sorrir
se apenas queremos chorar
porque teremos de viver
se apenas queremos descansar?

para quê levantar-mo-nos?
qual a vantagem?
qual a necessidade?
quero ir de viagem...

o quê?

conseguir superar os obstáculos
com ajuda é possível
força de vontade e atitude
e os amigos p'ra aumentar o nível

se me conhecesses, saberias
prefiro 1 estalo de frente
que me ignores todavia...
indubitavelmente

sinto aos poucos que desvaneço
de nada me vale esperar
sem sossego nem descanso
pelo sorriso no teu (doce) olhar

se fosse aquilo que não sou,
que seria de mim?
pior ou melhor?
parece que só saberei no fim

não sei

não sei porque espero
de nada me vai valer
este esforço estúpido
que só me faz sofrer

um pedaço de vida, muito amor,
o calor gera vida
nada que eu faça (te) tem valor
estou deitado, que nem 1 folha caída...

Tenho frio e no entanto queimo
algo me queima e consome,
o amor aquece e alimenta,
neste momento morro... de fome

grandes sábios o dizem
é grande virtude a paciência
será que alguma vez esperaramou será pura incongruência?

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